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Friday, July 15, 2016

Pé frio?


Para quem possa interessar: declaro que, nesta quinta-feira, 14 de julho de 2016, estava em São Paulo - SP.

Pode parecer bobagem, mas para quem esteve em Paris e Bruxelas no momento das respectivas tragédias, fica aquela dúvida, seria eu um pé frio?

O serviço de inteligência portuguesa, depois de meses cruzando terabytes de dados de passagens aéreas e estadias em hotéis, estava chegando perto de colocar o meu nome na lista de suspeitos de terrorismo internacional. Felizmente, pararam a investigação para comemorar o título da Eurocopa.

Por falar em futebol, realmente tive meu momento de Mick Jagger até as quartas de final do torneio europeu. Os times pelos quais torcia perdiam. Porém, dei uma dentro com relação a Portugal. Depois da sua campanha pífia na primeira fase, disse que estava com pinta de campeão.

Fiquei mais tranquilo mesmo com relação a ser ou não ser um pé frio quando cheguei ao Brasil. Após um verão belga com chuva todos os dias e resfriado por algumas semanas, fui brindado com um generoso inverno paulistano, quando finalmente pude vestir camiseta, calção e chinelos. Ufa!

Estou aliviado. E vocês podem ficar tranquilos. Na próxima semana, volto para a Europa ;-)


Foto: Junto às muralhas de Vannes, na Bretanha.

Saturday, April 19, 2014

Tiradentes “for dummies”

É sabido que o personagem Tiradentes encontrava-se abandonado pela História até a sua adoção pelos fundadores da República. Na falta de heróis autênticos e diante de um golpe contra o Império sem o clamor das massas, criou-se um símbolo republicano. Até mesmo a semelhança com Jesus foi parte dessa manipulação.

Vale também lembrar que houve inúmeros movimentos contra a monarquia luso-brasileira, mais fortes e mais sanguinários, sendo que a Inconfidência Mineira não figura entre os mais importantes.

À época de Tiradentes, a maior parte da elite era composta de portugueses, que, nem por isso, simpatizava com o pagamento de tributos aos seus conterrâneos. Bem, para falar a verdade, ninguém queria saber de pagar impostos. Com a sonegação generalizada, os portugueses apertaram o cerco.

Quem sofreu com a vingança arrecadatória da metrópole (derrama) foi a própria elite, aqueles chamados “homens-bons”, brancos e ricos, que induziram os inconfidentes à rebelião. Talvez seja exagero dizer que Tiradentes tenha sido um boi de piranha, mas não está longe disso.  O personagem real foi tão manipulado quanto o mito.

Há muita coisa daquele Brasil remoto, que ainda é sentida nos dias de hoje: o povo abandonado à própria sorte, a arrecadação predatória, a elite egoísta e ninguém preocupado com a coisa pública. É por essas e outras que, mesmo após a Proclamação da República, somos regidos por dirigentes pouco republicanos.


Leia também: A ponte



Foto: A sala de concertos de San Sebastian ao entardecer.

Monday, July 8, 2013

"Ultimate fight"

Este blog merece mais do que esportes periféricos como MMA/UFC e detesto misturar esporte com patriotismo. Porém, não queria deixar passar em branco a derrota do "nosso" Anderson Silva. Afinal de contas, ele é um ídolo nacional.

Na luta do último final de semana, o Anderson mostrou o pior lado da brasilidade. Talento e irreverência sem o menor senso de responsabilidade. É verdade que ele teve um longo reinado, mas vocês já viram um super atleta americano desperdiçando alguma chance de medalha ou título?

Certamente, Anderson não foi contaminado pelas massas, ao contrário da nossa seleção de futebol. Esta última, por sua vez, combinou seu talento natural com uma determinação inabitual para vencer. Aí sim, o melhor da brasilidade. Foi só uma luta. Foi só uma partida. Vale como ilustração. Não quero generalizar, é apenas uma metáfora esportiva.



O editorial do Estadão de domingo falava do sumiço do rei das metáforas futebolísticas. Os resultados pífios do governo Dilma podem trazer o cenário mais temido pela oposição: o "volta Lula". Aliás, a oposição ao governo tem sido especialmente acovardada. Combate a presidente na base de tapinhas de luvas de pelica, para se evitar a todo custo o "volta Lula".

Meu cenário preferido é chamar o Lula de volta e derrotá-lo nas urnas. Se precisarmos manter uma Dilma moribunda para ter a certeza de poder destituir o PT, todo esse movimento não serviu para nada. Mais cedo ou mais tarde, virá um outro Lula para fazer a mesma coisa.

Então, quem será o Chris Weidman da política brasileira?



Foto: Última foto desta área ao norte de Lisboa, a estação de trem que servia à Expo 98.

Tuesday, July 2, 2013

Tarde da noite

Felizmente, a televisão belga transmitiu a final da Copa das Confederações. Era muito tarde, mas valeu ficar até o final para ouvir o locutor dizer que, com um Brasil jogando daquele jeito, nem a seleção da Bélgica resistiria.

A Copinha acabou e ninguém mais fala do nosso futebol e nem das nossas manifestações. Não dá mesmo para competir com Egito e Turquia!

Dia desses, o ex-ministro francês Bernard Kouchner esteve num programa de TV, daqueles debates de final de noite típicos da TV francesa. O jornalista perguntou-lhe sobre as semelhanças entre os movimentos turco e brasileiro. O ex-diplomata foi curto e grosso: "Nenhuma". Também valeu ficar acordado para ver a cara de tacho do entrevistador. Segundos depois (pareceu uma eternidade), Bernard discorreu melhor sobre o assunto.

O Courrier International, jornal que sintetiza a imprensa mundial, por sua vez, diz que há muito em comum entre o Brasil e Turquia, explicitando a movimentação das “novas classes médias”.

Há algumas semanas, li alguns artigos sobre a Turquia. Uma matéria do Economist sobre os métodos de Erdogan me surpreendeu. Não imaginava que o Erdogan daqui já teve dois mandatos e elegeu a sua sucessora.

Acima, mais uma foto do "legado" da Expo 98 de Lisboa. Abaixo, selecionei quatro cartuns da imprensa internacional sobre as manifestações no Brasil. Os autores são Patrick Chappatte (dois primeiros), Arcadio Esquivel e Osvaldo Gutierrez Gomez.





Friday, June 21, 2013

Elefantes

Ainda no começo da semana, numa reunião do nosso comitê diretor, disse para meus pares - todos estrangeiros - não se impressionarem com as notícias sobre o Brasil, pois não estávamos diante de uma "primavera brasileira". Errei.

Admiro a mobilização. Fiquei encantado com as hostilidades ao pessoal ligado a partidos. Porém, ainda acho que, sem uma pauta mais precisa, o movimento pode enfraquecer. Veremos nos próximos dias. Encontrei tantas coisas interessantes para explicar e sustentar tais manifestações, que resta pouco a acrescentar.


Na França, li uma matéria enorme do Le Monde sobre os elefantes brancos brasileiros. Saibam vocês que a preparação do Brasil para a Copa é motivo de piada. Eles sabem que os estádios estarão prontos, o problema é fora deles.

Os gastos com a Copa aparecem na pauta dos manifestantes. Apesar de ser apenas uma gota d´água no oceano da corrupção brasileira, é uma gota que cai nos nossos olhos diariamente, como se fosse aquele colírio bem ardido. Abrir mão da Copa e dos Jogos Olímpicos depois de fazer boa parte do investimento seria um grande desperdício. É pena que o povo tenha acordado muito tarde.

O mesmo argumento vale para os Jogos Olímpicos. A essa altura do campeonato, a Expo 2020 em São Paulo está ameaçada. De todos os três eventos, simpatizava mais com a Expo. Ele é mais modesto, pode até deixar uns elefantinhos brancos, mas permite passar a limpo um bom pedaço da cidade, no caso, Pirituba.

Ficarei fora do Brasil nas próximas duas semanas. Conto com todos vocês para me representarem nas ruas de São Paulo ;-)


Foto: A margem do Tejo na área onde foi a Expo 98 de Lisboa.

Sunday, June 16, 2013

Manif

Não pude assistir aos jogos da Seleção. Para falar a verdade, não venho assistindo há tempos. Até veria Brasil X França, se tivesse encontrado algum canal londrino transmitindo o jogo. De qualquer forma, era hora de jantar e a fome apertava. Desci ao restaurante com um tablet e fui acompanhando o andamento da partida por um site brasileiro.

Meu objetivo era curtir o jogo sozinho durante a refeição. Entretanto, foi muito melhor. Alguns colegas franceses chegaram logo depois e juntaram-se a mim. A conversa estava muito boa, mas tive que interrompê-la três vezes. Sem estardalhaço. Com classe. 1, 2 e 3.


Se São Paulo está aprendendo a conviver com as manifestações, a Europa já é craque nisso. Na França, é algo tão comum, que a palavra foi encurtada para "manif". E a manif da semana foi a do controle aéreo. Vocês se lembram do que uma greve de controle aéreo pode fazer? Pois é, fez. 50% dos vôos foram cancelados entre terça e quinta.

A Europa cogita a unificação do controle do seu espaço aéreo, algo bem razoável pelo tamanho do continente. Evidentemente, isso traria uma sinergia significativa. A resistência da categoria é natural.

Tive alguma sorte, pois meus vôos foram confirmados. Já os atrasos foram consideráveis. Enfim, com alguma tensão, passei por Londres, Paris e cheguei em Lisboa.

Estive em Lisboa algumas vezes, apesar de não ter publicado nenhuma foto neste blog. Desta vez, tive duas experiências novas: 1) fiquei hospedado numa área que não conhecia, onde fica o "legado" da Expo 1998 (São Paulo é candidata à realização da Expo 2020). 2) cheguei em plena festa de Santo Antônio.

Bom, esses são meus ganchos para os próximos posts. Até breve!


Foto: A Torre de Belém, no fim de tarde da última quinta-feira.

Saturday, June 12, 2010

Home sweet home

Passei a semana num congresso em Portugal. Não pude escrever nenhum post. A continuação de "Você sabe que não está no paraíso quando" fica para depois. Também não entrei no clima da Copa. Até tentei assistir a um jogo entre a última palestra do congresso e o jantar. Não encontrando nada na TV aberta, acompanhei superficialmente pela Internet.

Neste dia dos namorados, Portugal celebra 25 anos de adesão à União Européia. Um quarto de século de casamento exemplar. Entretanto, a crise conjugal que se anuncia não tem precedentes. Portugal é um dos PIGS, citados diversas vezes nos posts anteriores.

O longo período de prosperidade fez muito bem para Portugal. A primeira vez que estive no país fiquei muito bem impressionado. Recomendo a sua visita a todos os brasileiros. Nesta segunda vez, a principal diferença é o melancólico testemunho dos brasileiros, encontrados em todos os lugares. A conversa é uma só: Arrumar as malas e voltar para casa.


Foto: Casas do centro de Colmar, na Alsácia.