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Saturday, July 10, 2010

Revista do cinema - S1/2010

O inverno rigoroso do começo do ano foi um convite ao cinema, mas a safra do semestre foi muito ruim. Não é para menos, num ano em que o ex-casal Cameron/Bigelow disputa o melhor filme, é que a coisa está preta. Até mesmo o vencedor de Cannes é um daqueles filmes ruins, que só serve como sonífero.

Tenho que admitir que o Oscar de melhor filme estrangeiro para o argentino "El secreto de sus ojos" foi bem merecido. Sem dúvidas, um dos melhores filmes do semestre.

Destaco também o retorno em massa dos mais ilustres atores franceses. Mesmo aqueles que haviam se mudado para Hollywood voltaram e enriqueceram a produção local. Juliette Binoche dá um show de interpretação em "Copie Conforme", mas o filme é sofrível. Gérard Depardieu, Jean Reno e o casal Christophe Lambert & Sophie Marceau participam de diversas produções medíocres. A mais honrosa exceção é Mathieu Amalric que dirige e interpreta "La Tournée".

Já comentei em posts anteriores "Invictus" e "Alice". Neste semestre, os filmes americanos entraram quase simultaneamente no Brasil e na França, portanto a minha revista é de pouca utilidade nesses casos. Então, fiquem de olho nas demais produções. Eis o meu ranking:


*** Nenhum

** El secreto de sus ojos - ARG - Juan José Campanella
** Invictus - USA - Clint Eastwood
** A serious man - USA - Ethan & Joel Coen
** A matter of size - ISR - Sharon Maymon
** The ghost writer - FRA/ALE/UK - Roman Polanski
** La tournée - FRA - Mathieu Amalric
** Alice in Wonderland - USA - Tim Burton
** Rabia - MEX/ESP/COL - Sebastián Cordero
** La rafle - FRA - Roselyne Bosch

* Shutter Island - USA - Martin Scorsese
* La tête en friche - FRA - Jean Becker
* A single man - USA - Tom Ford
* Up in the air - USA - Jason Reitman
* Copie conforme - FRA/ITA/BEL - Abbas Kiarostami
* L'immortel - FRA - Richard Berry
* L'autre Dumas - FRA - Safy Nebbou
* Une éxecution ordinaire - FRA - Marc Dugain
* Serge Gainsbourg, vie héroïque - FRA - Joan Sfarr
* White material - FRA - Claire Denis
* The Men Who Stare at Goats - USA - Grant Heslov
* Sherlock Holmes - USA - Guy Ritchie
* The road - USA - John Hillcoat



Foto: A última tomada de Kaysersberg (Alsácia), na onipresente Rue du Général de Gaulle.

Thursday, July 8, 2010

Porque nós valemos muito

O recente escândalo em torno dos acionistas da L'Oréal é refresco perto da saga familiar dos Schueller-Bettencourt, que inclui passagens misteriosas, até hoje mal compreendidas. E é melhor que permaneçam assim, para evitar que algumas feridas da sociedade francesa voltem à tona.

Eugène Schueller, fundador da L'Oréal, era um fascista de mão cheia, um dos líderes da organização secreta "La Cagoule", inspirada na KKK americana. Os escritórios da empresa francesa foram sede das mais diversas conspirações. Não demorou muito para que Eugène encontrasse o menino prodígio do colaboracionismo, André Bettencourt, um antissemita convicto, que trabalhava diretamente para a cúpula do Reich. Juntos, lutaram por uma França livre de comunistas, maçons e judeus. A empresa, leal a Vichy e a Hitler, prosperou imensamente durante a Segunda Guerra.

Após desentendimentos internos dos colaboracionistas franceses e o declínio alemão, André mudou de lado. Ao final da guerra, estava entre os resistentes, assim como outros oportunistas de última hora (e.g. François Mitterrand). A sua esperteza foi vital para salvar Eugène e outros colaboracionistas do virtual fuzilamento. Assim como, a própria L'oréal.

A retribuição de Eugène foi imensa. André foi agraciado com posições importantes dentro do grupo. E, mais para frente, esposa a sua única filha, a famosa Liliane.

Eugène usou o grupo L'Oréal para salvar amigos da Cagoule. A essa altura, era um dos maiores acionistas da Nestlé, que também foi usada para os mesmos fins. Faleceu em 57, deixando Liliane como herdeira e mulher mais rica da França desde então.

Ao final dos anos 40, André começa uma comportada carreira política. Sessenta anos de dedicação à vida publica, honrarias e distinções, enterraram a sua vida pregressa.

L'Oréal e Nestlé foram devidamente profissionalizadas e hoje são líderes mundiais em seus setores. André faleceu em 2007. A vida ainda lhe proporcionou uma última surpresa. Françoise, sua única filha com Liliane, casou-se com um judeu, cujos avós morreram em Auschwitz. Os dois netos de André foram educados na melhor tradição judaica. Mazal tov!

Bem, o resto da história vocês conhecem. Os relacionamentos da viúva Liliane, a briga entre ela e Françoise, a contribuição de campanha para Sarkô, as contas na Suíça e a corrupção do ministro são coisas que vocês lêem todos dias nos jornais. Portanto, vou poupá-los. Porque nós valemos muito.


Foto: Acima e abaixo, duas tomadas do centro de Kaysersberg, com especial atenção à ponte fortificada sobre o Weiss (1514).


Monday, July 5, 2010

Tour de France 2010 - Parte II

A trapaça bioquímica é cada vez mais arriscada. Seja pela fiscalização ou pelo próprio dano à saúde dos atletas. Então, a última trapaça do ciclismo são as bicicletas motorizadas. Parece inacreditável, mas é verdade. Na Tour de France, todas as bicicletas estão sendo escaneadas periodicamente para se buscar motores escondidos na sua estrutura. Como engenheiro, fico maravilhado com a tecnologia e o seu grau de miniaturização. Como cidadão, envergonhado com esse bando de trapaceiros.

A evidência veio da última Paris-Roubaix, uma prova tradicional criada em 1896, alguns anos da Tour de France. O suíço Fabian Cancellara ganhou a prova com facilidade. Após a análise dos vídeos, percebeu-se que o desempenho do ciclista é sobre-humano. Vejam o vídeo clicando aqui. Acompanhem o ciclista de vermelho por um minuto.


Foto: O filho mais ilustre de Kaysersberg é Albert Schweitzer, Nobel da Paz de 1952, que não mereceria ter o seu nome num post sobre ciclismo. Na foto, a casa onde nasceu e viveu. Hoje, museu e templo protestante.

Sunday, July 4, 2010

Tour de France 2010 - Parte I


As notícias da Tour de France começam a ocupar o espaço deixado pelo futebol. Todo mês de julho é assim. A mais famosa prova do ciclismo é um grande evento, atraindo multidões para as cidades do interior francês, onde passam os ciclistas.

Os escândalos sucessivos de doping mancharam a Tour. A briga nos bastidores em torno do controle do doping continua a todo vapor. A prova de 2009 foi muito tranquila graças à "tolerância" dos fiscais e não a uma revolução ética no esporte.

O lendário norte-americano Lance Armstrong, vencedor de 1999 a 2005, diz que o ciclismo é perseguido, pois em todos os esportes há trapaça. Diga-se de passagem, há inúmeras evidências e denúncias envolvendo Armstrong, um verdadeiro campeão na busca de novas formas de doping e na arte de se escapar do seu controle. Um ex-companheiro de equipe declarou que os atletas fazem até transfusões de sangue para fugir do flagrante. Inclusive Armstrong.

Por essas e outras, é melhor assistir Futebol. Mesmo com juiz roubando, soa mais honesto. Ou então, fazer como milhões de pessoas, que assistem à Tour de France, apenas para ver o seu belo cenário.


Foto: Casas de Kaysersberg às margens do Weiss.

Friday, July 2, 2010

Virada

Errei! Eu imaginava a eliminação do Brasil, mas não desta forma. Achava que tomaríamos o primeiro gol e o nosso timeco não seria capaz de virar o jogo. Mais ou menos como na derrota para a França na última Copa. Virada é coisa raríssima em Copa. Quem faz o primeiro gol, muda o esquema de jogo e arma a retranca.

Do ponto de vista ludopédico, a virada da Holanda por 2X1 é parte da vida. Do ponto de vista estatístico, é humilhante. Até 2014!


Foto: Ainda na Alsácia, passando de Riquewihr para Kaysersberg, outra bela cidadezinha.