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Tuesday, May 20, 2025

Gotas de transformação



Claro que também faço as minhas brincadeiras com IA generativa. Posso dizer tranquilamente que é "dever do ofício". A mais recente me consumiu algumas boas horas — e eu explico tudo neste post. Para quem quiser, conto o milagre e também o santo.

Tudo começou quando joguei o capítulo do livro que escrevi para a GoNew no Notebook LM, do Google. Fiquei impressionado com o resultado: um resumo bastante fiel do que eu havia escrito. Sim, existem pequenas falhas, mas até uma produção profissional está sujeita a imperfeições. Me empolguei ainda mais com a narração criada pela ferramenta, com dois locutores, e decidi criar algumas ilustrações para tornar o conteúdo mais acessível para um espectador ocasional - especialmente aqueles sem muita intimidade com tecnologia. O resultado está disponível no YouTube, aberto para todos.

A experiência me animou a ir além. Em vez de criar apenas um episódio, acabei produzindo um podcast inteiro sobre inovação e gestão, contando algumas das grandes histórias da inovação e das rivalidades entre novos entrantes e forças incumbentes.

Como fiz tudo sozinho, apanhei um pouco. Mas, depois de algum esforço - bastante prazeroso, por sinal - a primeira temporada deve ser concluída nos próximos dias, com o lançamento do 18º episódio. O podcast está disponível no Spotify e no YouTube.

Para realizar este projeto, usei:

  • ChatGPT (criação do texto base e checagem)
  • Notebook LM (diálogos e locução)
  • Canva (imagens)
  • CapCut (edição e montagem)

Aparentemente, não há erros factuais ou alucinações. Todo episódio tem um protagonista bem definido, cuja jornada pode, sim, ter sido um pouco romantizada - mas isso já estava no meu prompt, ou seja, na instrução que dei à IA para gerar o texto base.

Enfim, há muitas outras histórias para contar. Mudo o prompt para a segunda temporada?

 

Foto: Na Alemanha, seguindo o Rio Elba, passeio pelo Parque Nacional da Suíça Saxônica, em abril de 2024.

Thursday, December 10, 2015

Terror de política - Parte 1

2015 entra para a história. Paris viveu os atentados de janeiro e novembro. Dois outros foram evitados, o do Thalys (trem) e o da Igreja de Villejuif. Este blog já especulou sobre as causas sociais e econômicas do terror, mas nunca falou da tecnologia a ele associada.

Sempre encontramos aqueles políticos oportunistas, que se aproveitam do momento para tentar acabar de vez com o que nos resta de liberdade e privacidade. Para tratar de assunto tão importante, farei um texto em duas partes. Começamos recapitulando alguns fatos.

Os terroristas são sofisticados. Os vídeos do Estado Islâmico no Youtube orientam o uso de criptografia em qualquer comunicação. Criptografia de 4096 bits. Para os leitores leigos, saibam que é muuuuuuito seguro.

Nem todo terrorista nasceu para informática. Alguns poderiam trabalhar perfeitamente numa equipe de suporte técnico. Outros estão mais para a equipe da Dilma. Entre erros e acertos, não dá para não falar de tecnologia.

Nos atentados ao mercado Kasher, o terrorista filmou seus assassinatos com uma câmera GoPro. Ele não conseguiu colocá-lo no Youtube por problema de sinal (até tu Paris!). Mesmo com a Polícia às portas, ele sacou o cartão de memória da câmera e carregou num computador. Haja sangue frio.

Um dos meios de comunicação usados nesse ataque contrariou as regras do terrorismo internacional, embora seja criativo. A técnica consiste em compartilhar contas de Gmail. Ao invés de enviar a mensagem, eles deixam-na como rascunho. Como a pasta de rascunhos é sincronizada, eles comunicam-se sem trocar mensagens, que são mais facilmente rastreáveis.

No fracassado atentado à Igreja de Saint-Cyr-Sainte-Julitte de Villejuif, um dos terroristas usava a ferramenta de criptografia “PGP” direitinho. Cometeu um único erro - e fatal - ao apagar uma mensagem sem passar pela criptografia. O cesto de lixo é o pote de ouro dos peritos. A partir desta falha, a Polícia francesa fez a festa e desbaratou todo o bando.

Nos atentados de novembro, o uso de aplicativos como Telegram e Signal pegou a Polícia de calças curtas. São ferramentas de chat com criptografia. Uma outra parte da quadrilha teria usado a função de comunicação do Playstation, algo igualmente difícil de ser rastreado. Se cometeram algum erro, foi ter se livrado de um celular. Aquele celular encontrado no cesto de lixo foi a chave para a rápida resposta da inteligência francesa.

Diante de tudo isso, a reação de alguns políticos desesperados para encontrar bodes expiatórios é esquecer dos  verdadeiros problemas e eleger um culpado: A tecnologia!

Sim, para eles, os culpados são a Internet, os aplicativos de mensagens, a telefonia celular e até o Playstation. Um político pediu o fim dos aplicativos com criptografia. Um outro quer “porta dos fundos” em todos os aplicativos.

Em tempos de desespero, pode ser uma tentação trocar liberdade por segurança. Entretanto, é certamente uma armadilha. Isso fica para o próximo post.


Leia também:
Atentados de janeiro: #jesuischarlie
Atentados de novembro: Terror
Porta dos fundos


Foto: Cenas de Mons (Bélgica), cidade escolhida como capital europeia da cultura em 2015.

Saturday, July 20, 2013

Porta dos Fundos II

O último post veio bem a calhar, pois já estava para comentar sobre o grupo Porta dos Fundos. Não quero falar sobre o seu humor em si, tarefa que deixo para os especialistas, mas sobre a mídia e seu futuro.

Mesmo quando estou fora do país, dou uma olhadinha nos novos vídeos semanais da trupe. É difícil agradar a todos e posso imaginar que vocês achem alguns muito engraçados e outros menos. O mérito do grupo é buscar a graça numa infinidade de situações comuns.

Se, às vezes, o humor é escrachado, a produção é impecável. São 30 profissionais nos bastidores do grupo, que já está no azul. A viabilidade econômica talvez seja a grande novidade. É um sinal de que existe caminho para os "independentes".

Ainda é cedo para se dizer que os veículos tradicionais morreram. O episódio mais visto, "Na Lata", atingiu 10 milhões de acessos em 6 meses. É um número muito pequeno quando comparado com as cifras da TV. Também é ínfimo perto de um vídeo de escala mundial, como o Gangnam Style, que fez o contador do Youtube bater 1,7 bilhão!

Num mundo ideal, teríamos inúmeros canais de sucesso no Youtube ou em aplicativos para tablets e smartphones, de produções independentes ou de grupos tradicionais da mídia, de humor, esportes, música, notícias, etc. Aí sim, poderíamos enterrar a TV Globo.


Foto: A vista mais celebrada de Bruges, na Bélgica.