Além dos sinais de fraqueza da economia mundial, há algo de ruim no ar. Revendo os jornais belgas e franceses dos últimos dias, tive que fazer algum esforço para encontrar boas notícias.
Até mesmo no noticiário esportivo, o destaque é para a última tendência em fraudes no ciclismo, o uso de bicicletas motorizadas. Flagaram um motor escondido no quadro da bicicleta de uma atleta belga.
A mídia destaca o centenário da Batalha de Verdun, episódio marcante da Primeira Guerra, quando o exército francês deteve o avanço alemão, com um saldo de 300 mil mortos e 400 mil feridos em 300 dias de combate.
Ao longo dos próximos anos, teremos muitos outros centenários. Não faltarão oportunidades para lembrarmos das barbáries das duas grandes guerras. O propósito principal dessas lembranças é servir de estímulo para que jamais se repitam.
Nesta última semana, tive a impressão que o mundo faz de tudo ao contrário, ou seja, tenta cair nas mesmas armadilhas do passado. Continuamos a semear a cizânia e a flertar com os conflitos. O discurso da desunião e da intolerância ganha espaço.
A discussão sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) é bem representativa. A adesão à UE tem sido usada como “bode” por frentes políticas de quase todos os países do bloco. Obviamente, todos perderiam com a possível redução da UE, gerando um círculo vicioso que culminaria com a sua extinção. Terminaria assim a esperança de uma paz duradoura.
A Rússia, mesmo sofrendo com os baixos preços do petróleo, continua investindo bilhões para salvar um país que já morreu. Ao invés de planejar sua retirada da Síria, ela investe ainda mais nessa operação militar descabida. Basta um pequeno incidente fronteiriço com a Turquia (membro da OTAN) para acender uma faísca de consequências imprevisíveis.
Não estou acompanhando as primárias dos EUA, mas o nível dos discursos que ecoam na Europa não é nada inspirador. Evidentemente, a paz e a prosperidade mundial ainda dependerão da boa vontade dos EUA por mais alguns bons anos.
A proposta não foi escrever um post pessimista, mas traduzir um pouco das preocupações latentes. Entre erros e acertos, os atuais líderes das principais potências - Obama, Merkel, Hollande e Cameron - são bons, mas ameaçados em seus países pelo discurso da discórdia. A concertação entre eles é fundamental para controlar essas ameaças.
Foto: A caminho da Bretanha, fiz algumas paradas no interior da França durante as últimas férias de verão. Nessa foto, a charmosa Lyons-la-Forêt, na Normandia.
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Sunday, February 21, 2016
Saturday, November 7, 2015
Sanfona
Quando voltei da minha primeira expatriação, estava com 10kg a mais. Digamos que quatro anos de gastronomia francesa justificam esse ganho de massa. Foi por uma boa causa!
A história se repete. O “efeito Bélgica” parece ser ainda mais devastador. A combinação de cerveja, waffle, chocolate e fritas farão os 10kg em muito menos de 4 anos e isso não é uma boa causa, é uma tragédia!
Antecipando o esperado “efeito sanfona”, tenho procurado academias perto de casa desde que cheguei em Bruxelas. Não achava nenhuma comparável às melhores academias paulistanas. Dá para imaginar alguém limpando os aparelhos após cada utilização por aqui? Nem pensar. E aquele exército de monitores prontos para ajudar? Muito menos.
Entre as minhas tentativas, conheci uma academia tocada por uma só pessoa. Parece cômico, mas a questão da mão de obra na Bélgica é ainda mais complicada do que na França. Também estive numa outra com instalações muito semelhantes às brasileiras. Os aparelhos e máquinas podem ser os mesmos, mas falta o principal: gente.
Há pouquíssimo tempo, encontrei uma academia excelente bem ao lado de casa. Ao longo dos últimos 18 meses, passei diante dela um monte de vezes e não reparei. Possivelmente, uma parte de mim não queria mesmo encontrá-la ;-)
Já estou inscrito. Na próxima vez que pisar no Brasil ainda estarei acima do peso. Quem sabe, em abril, estarei mais próximo daquele que saiu do país há 18 meses.
Em São Paulo, fazia academia com assiduidade. Nunca tive nenhuma ambição esportiva, era a forma mais interessante de fugir do trânsito.
Na minha plenitude esportiva, boa parte do tempo da academia era dividido entre a leitura do jornal, o lanchinho e o banho. No tempo que sobrava, eu queimava umas calorias.
Foto: Mais uma tomada do Château de Belœil, a partir dos seus jardins.
A história se repete. O “efeito Bélgica” parece ser ainda mais devastador. A combinação de cerveja, waffle, chocolate e fritas farão os 10kg em muito menos de 4 anos e isso não é uma boa causa, é uma tragédia!
Antecipando o esperado “efeito sanfona”, tenho procurado academias perto de casa desde que cheguei em Bruxelas. Não achava nenhuma comparável às melhores academias paulistanas. Dá para imaginar alguém limpando os aparelhos após cada utilização por aqui? Nem pensar. E aquele exército de monitores prontos para ajudar? Muito menos.
Entre as minhas tentativas, conheci uma academia tocada por uma só pessoa. Parece cômico, mas a questão da mão de obra na Bélgica é ainda mais complicada do que na França. Também estive numa outra com instalações muito semelhantes às brasileiras. Os aparelhos e máquinas podem ser os mesmos, mas falta o principal: gente.
Há pouquíssimo tempo, encontrei uma academia excelente bem ao lado de casa. Ao longo dos últimos 18 meses, passei diante dela um monte de vezes e não reparei. Possivelmente, uma parte de mim não queria mesmo encontrá-la ;-)
Já estou inscrito. Na próxima vez que pisar no Brasil ainda estarei acima do peso. Quem sabe, em abril, estarei mais próximo daquele que saiu do país há 18 meses.
Em São Paulo, fazia academia com assiduidade. Nunca tive nenhuma ambição esportiva, era a forma mais interessante de fugir do trânsito.
Na minha plenitude esportiva, boa parte do tempo da academia era dividido entre a leitura do jornal, o lanchinho e o banho. No tempo que sobrava, eu queimava umas calorias.
Foto: Mais uma tomada do Château de Belœil, a partir dos seus jardins.
Sunday, May 11, 2014
¡Aupa Atleti!
Meu sobrinho pediu a camisa do Ibrahimovic, o craque do PSG. Então, durante a próxima viagem à França, passarei na loja do clube para presenteá-lo. Devo reconhecer que esse time árabe radicado em Paris tem subido de produção. Suas camisas conquistam espaço entre aquelas do Barcelona, Real Madrid, Bayern e Manchester.
Por incrível que pareça, os uniformes estrangeiros estão cada vez mais populares aqui no Brasil. Até a Globo rendeu-se à Champions League, transmitindo suas partidas decisivas ao vivo.
Depois do "equilibradíssimo" Campeonato Brasileiro de 2013 e do Paulistinha de 2014, vencido pelo Ituano, entre outros sinais da decadência dos grandes clubes nacionais, só nos resta apreciar os campeonatos europeus.
O Brasil é o maior celeiro de craques do mundo e pode ganhar a Copa que quiser, mas o futebol daqui vai muito mal. Vivemos em função de exportar jovens potenciais para a Europa. Tudo o que importa acontece por lá. Nossos campeonatos locais são marginais. De várzea mesmo!
Poderíamos ter evitado esse quadro colonial? Talvez, se os clubes fossem bem geridos. Não apenas um ou dois clubes, mas a maior parte deles. Entretanto, seus dirigentes preferem locupletar-se em tenebrosas transações deixando-os no caos.
A classe futebolística nacional foi brindada pela sociedade com os novos estádios. Quem sabe possa retribuir tamanha generosidade com gestões mais profissionais, competentes e éticas. Seria um primeiro passo.
O exemplo de esperança vem do próprio futebol europeu. Entre tantos times "imbatíveis" e milionários, o destaque da temporada foi o modesto Atlético de Madrid, a um passo do título da Champions e do Campeonato Espanhol. É uma mostra de que o dinheiro sozinho nem sempre resolve.
Este outro time de Madrid, assim como quase todos os times espanhóis, tem mais obstáculos fora do campo do que dentro dele. Lá na Espanha, tudo favorece o Barcelona e o Real Madrid, que abocanham sozinhos a maior parte da receita da TV e ainda dispõem de status diferenciado, que permite grande endividamento para comprar os melhores jogadores do mundo. E com os melhores jogadores, tudo fica mais fácil.
Enfim, antes de querer ser um Barcelona, os clubes brasileiros precisam inspirar-se no Atlético de Madrid.
¡Aupa Atleti !
Leia também:
Post sobre o caso Neymar (2014)
Post sobre a Champions League (2012)
Post sobre o campeonato brasileiro (2013)
Foto: A sede do governo municipal de San Sebastian, no País Basco (Espanha).
Por incrível que pareça, os uniformes estrangeiros estão cada vez mais populares aqui no Brasil. Até a Globo rendeu-se à Champions League, transmitindo suas partidas decisivas ao vivo.
Depois do "equilibradíssimo" Campeonato Brasileiro de 2013 e do Paulistinha de 2014, vencido pelo Ituano, entre outros sinais da decadência dos grandes clubes nacionais, só nos resta apreciar os campeonatos europeus.
O Brasil é o maior celeiro de craques do mundo e pode ganhar a Copa que quiser, mas o futebol daqui vai muito mal. Vivemos em função de exportar jovens potenciais para a Europa. Tudo o que importa acontece por lá. Nossos campeonatos locais são marginais. De várzea mesmo!
Poderíamos ter evitado esse quadro colonial? Talvez, se os clubes fossem bem geridos. Não apenas um ou dois clubes, mas a maior parte deles. Entretanto, seus dirigentes preferem locupletar-se em tenebrosas transações deixando-os no caos.
A classe futebolística nacional foi brindada pela sociedade com os novos estádios. Quem sabe possa retribuir tamanha generosidade com gestões mais profissionais, competentes e éticas. Seria um primeiro passo.
O exemplo de esperança vem do próprio futebol europeu. Entre tantos times "imbatíveis" e milionários, o destaque da temporada foi o modesto Atlético de Madrid, a um passo do título da Champions e do Campeonato Espanhol. É uma mostra de que o dinheiro sozinho nem sempre resolve.
Este outro time de Madrid, assim como quase todos os times espanhóis, tem mais obstáculos fora do campo do que dentro dele. Lá na Espanha, tudo favorece o Barcelona e o Real Madrid, que abocanham sozinhos a maior parte da receita da TV e ainda dispõem de status diferenciado, que permite grande endividamento para comprar os melhores jogadores do mundo. E com os melhores jogadores, tudo fica mais fácil.
Enfim, antes de querer ser um Barcelona, os clubes brasileiros precisam inspirar-se no Atlético de Madrid.
¡Aupa Atleti !
Leia também:
Post sobre o caso Neymar (2014)
Post sobre a Champions League (2012)
Post sobre o campeonato brasileiro (2013)
Foto: A sede do governo municipal de San Sebastian, no País Basco (Espanha).
Sunday, April 27, 2014
Bode
Todos os problemas da nação são mais graves em ano de eleições.
Entretanto, 2014 parece ser um ano especial. Vivemos uma estagnação econômica,
a iminência do apagão, o risco de falta d’água e até uma epidemia de dengue,
coisas que acontecem de tempos em tempos, mas não no mesmo ano.
A avalanche de denúncias de corrupção, propícia do clima
pré-eleitoral, está indo mais longe do que o habitual. A nação está mais
dividida do que nunca.
Diante de tantas evidências de um Brasil que não dá certo, o
clima de revolta com a Copa do Mundo tende a piorar. Escrevi em janeiro que o tempo
de protestar contra a Copa já passou. Quem quiser protestar contra a situação, que
escolha um alvo mais adequado e, no mínimo, que vote melhor em outubro.
Nesse ambiente nada motivador, fico espantado com a parcela
da população que escolheu a FIFA como grande vilã, causadora dos nossos males. A
moda pegou. Parece bobagem, mas não é.
Trata-se de um problema recorrente, o bode expiatório. Esquece-se das seculares
mazelas brasileiras e elege-se um culpado. Muito simples.
A FIFA paga pelo
sucesso com que gere o futebol, o esporte número um do mundo. Organiza
campeonatos milionários e movimenta bilhões, fazendo inveja a qualquer outra
organização mundial. No sistema do Futebol, a FIFA é tão vilã quanto nossos craques,
times, televisões, federações e outras entidades. Um depende do outro.
O aspecto discutível é se o padrão imposto pela FIFA não obriga
a um país pobre desviar gastos sociais para a organização do evento. A resposta
da FIFA: “Foi o Brasil que pediu para realizar a Copa”. Dá para discordar? Cá entre nós, sem roubalheira e com um pouco
mais de planejamento, a Copa não seria tão intragável.
O apito inicial está próximo. Fica a dúvida se a Copa entra
ou não para o rol de tragédias de 2014, seja pelo sucesso do evento ou pelo
desempenho da Seleção. A proximidade com a Páscoa sugere que só mesmo uma
sequência de pragas de proporções bíblicas seja capaz de derrubar a nossa
Faraó. Ou seria Faraôa?
Leiatambém: #NãoVaiTerCopa
Foto: O velho porto de San Sebastian ganha um colorido
especial em dia de regata de pesqueiros.
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Wednesday, January 1, 2014
2014 - Prólogo
2014 já estava destinado a ser um ano do esporte, especialmente para nós brasileiros. É quase certo que não daremos muita bola para os Jogos Olímpicos de Inverno, mas o clima de Copa do Mundo por aqui deve ter poucos similares no planeta.
Os últimos acontecimentos garantirão que o esporte cumprirá seu papel de grande circo. Em 2014, acompanharemos as recuperações do Anderson Silva e do Michael Schumacher, além dos esforços para se realizar algum campeonato brasileiro de futebol.
As eleições gerais ficam num segundo plano. Talvez seja melhor assim. Como escrevi em "Eco", não adianta dizer para vocês que o governo da Dilma é ruim, por que vocês já sabem. Não adianta dizer que estamos sendo roubados, por que vocês já sabem. As eleições do ano que vem podem expelir um ou outro "ficha suja", mas, no geral, não devem mudar o quadro político.
Nesses dias entre Natal e Ano Novo, percebi como é difícil derrotar qualquer presidenciável herdeiro de Lula. Os inúmeros críticos do PT são unânimes em relação à sua fraqueza ética. No resto, há divisão. O PT agrada e desagrada à esquerda, assim como agrada e desagrada à direita.
Um esquerdista puro provavelmente está furioso com a recente onda de privatizações. Também não aprecia a forte influência do lobby religioso no governo. Já o direitista não suporta o tamanho da máquina governamental nem a extensão dos programas sociais.
Face ao programa frankensteniano do PT, tanto a direita como a esquerda têm dificuldades de se opor totalmente. Não dá para ser coerente. Além do mais, as escolhas de Lula e Dilma estão alinhadas à opinião pública. Talvez seja por isso que os candidatos da oposição sejam tão facilmente pulverizados. A oposição deve procurar um outro caminho. Por enquanto, só um candidato do PT poderia bater o próprio PT.
Finalmente, lembro de mais um assunto sério de 2014, o centenário do início da Primeira Guerra Mundial. Levantei o tema em 2012 no post "No Reino da Dinamarca". Voltarei a ele antes da Copa ;-)
Post de 17/10/2012 - "No Reino da Dinamarca"
Foto: O "Botanical Building" do Balboa Park em San Diego.
Os últimos acontecimentos garantirão que o esporte cumprirá seu papel de grande circo. Em 2014, acompanharemos as recuperações do Anderson Silva e do Michael Schumacher, além dos esforços para se realizar algum campeonato brasileiro de futebol.
As eleições gerais ficam num segundo plano. Talvez seja melhor assim. Como escrevi em "Eco", não adianta dizer para vocês que o governo da Dilma é ruim, por que vocês já sabem. Não adianta dizer que estamos sendo roubados, por que vocês já sabem. As eleições do ano que vem podem expelir um ou outro "ficha suja", mas, no geral, não devem mudar o quadro político.
Nesses dias entre Natal e Ano Novo, percebi como é difícil derrotar qualquer presidenciável herdeiro de Lula. Os inúmeros críticos do PT são unânimes em relação à sua fraqueza ética. No resto, há divisão. O PT agrada e desagrada à esquerda, assim como agrada e desagrada à direita.
Um esquerdista puro provavelmente está furioso com a recente onda de privatizações. Também não aprecia a forte influência do lobby religioso no governo. Já o direitista não suporta o tamanho da máquina governamental nem a extensão dos programas sociais.
Face ao programa frankensteniano do PT, tanto a direita como a esquerda têm dificuldades de se opor totalmente. Não dá para ser coerente. Além do mais, as escolhas de Lula e Dilma estão alinhadas à opinião pública. Talvez seja por isso que os candidatos da oposição sejam tão facilmente pulverizados. A oposição deve procurar um outro caminho. Por enquanto, só um candidato do PT poderia bater o próprio PT.
Finalmente, lembro de mais um assunto sério de 2014, o centenário do início da Primeira Guerra Mundial. Levantei o tema em 2012 no post "No Reino da Dinamarca". Voltarei a ele antes da Copa ;-)
Post de 17/10/2012 - "No Reino da Dinamarca"
Foto: O "Botanical Building" do Balboa Park em San Diego.
Friday, June 22, 2012
Euro 2012
Pelo bem do esporte, nos torneios europeus, é melhor se
evitar quaisquer metáforas históricas ou abstrações que fujam da prática desportiva.
Depois de tanto sangue derramado, nada como a competição saudável para confraternizar
e semear a paz.
A imprensa europeia costuma resistir às piadas fáceis nesses
tempos de Euro 2012 - a Copa do Mundo sem o Brasil e a Argentina. Ou melhor, resistia. A partida desta noite
(quartas de final) entre Grécia e Alemanha está tirando a imprensa da linha.
As graves circunstâncias econômicas que abalam o continente
opõem claramente os dois países. Dizem por aí: “Se a Alemanha quer tirar a
Grécia do Euro, a Grécia pode tirar a Alemanha da Euro”.
Para um país economicamente arrasado, a partida desta noite
é simbólica. Um comentarista grego prefere lembrar a Batalha de Creta (1941).
Os nazistas tomaram a ilha grega, mas com o custo de mais de 3200 mortos. O futebol grego não é grande coisa, mas com
este espírito heroico, o jogo promete.
Estou acompanhando a Euro 2012 na Europa, onde os jogos são
transmitidos à noite. Nesta semana, estive num importante evento de informática.
O coquetel / jantar de abertura foi
simultâneo às partidas França X Suécia e Inglaterra X Ucrânia.
Alguém já disse que o europeu não é tão ligado no futebol
quanto o brasileiro? A organização do evento trouxe duas TVs de grande formato,
que ficaram em dois cantos do imenso salão. Quando os jogos começaram, metade
do público dividiu-se entre ambos.
Entre tantas nacionalidades, inclusive coadjuvantes ucranianos
e suecos, como era de se esperar, os ingleses foram os mais ruidosos. Não só
torciam pela Inglaterra, como se manifestavam contra a França, mesmo estando em
Paris. Os franceses estavam excessivamente intimidados pela derrota perante a
medíocre Suécia. O Le Monde diz tudo: “La
débâcle de Kiev”.
Aproveitei boa parte do jogo para comer e conversar com uma
panelinha de brasileiros da Brasscom e Softex, que promoviam a nossa
informática aqui na Europa. Mais comia do que conversava. Afinal, eu fui lá
para comer, conversar ou assistir ao jogo?
Foto: Centro de Chicago.
Thursday, July 28, 2011
Campeão imoral
Na última terça-feira, César Cielo levou a medalha de ouro na prova dos 50m borboleta do mundial da China. A premiação foi marcada por copiosas vaias da plateia e pelo protesto velado dos seus oponentes. Hoje, a sua derrota nos 100m gerou tanto solidariedade como desprezo dos próprios brasileiros. Afinal, César ganhou ou perdeu? O Brasil ganhou ou perdeu?
A aplicação de uma punição muito branda para um atleta envolvido com doping é uma opção pelo curto prazo. Punir uma das nossas maiores chances de medalhas às vésperas das Olimpíadas 2012, e no espírito de preparação de 2016, seria um golpe duro. O jeitinho brasileiro funcionou para se encontrar uma solução conciliadora, com o aval das autoridades mundiais da natação. Todos erraram.
Cielo já está na história esportiva do Brasil pelas suas respeitáveis conquistas. Para brilhar nas próximas competições, o Brasil precisa formar muitos novos atletas, que respeitem a ética esportiva. Uma punição mais rigorosa ao nadador seria um excelente exemplo para as futuras gerações, mostrando que a vitória é fruto da dedicação e da técnica. Jamais, dos truques baratos e da malandragem.
Cielo poderá ser hostilizado por muito tempo. E nós perdemos uma ótima oportunidade de dar exemplo. Perpetuamos a Lei de Gérson.
Evidentemente, este post não é apenas sobre natação, um dos menores problemas do Brasil. Estou torcendo para que a fúria moralizadora de Dilma no Ministério dos Transportes amplie-se para toda Esplanada. E que não seja só contra os "aliados", mas com os seus correligionários também.
Foto: O centro velho de Arbois, cortado pelo rio La Cuisance. Como nas pequenas cidades francesas, entenda-se por velho construções de 200 a 500 anos.
A aplicação de uma punição muito branda para um atleta envolvido com doping é uma opção pelo curto prazo. Punir uma das nossas maiores chances de medalhas às vésperas das Olimpíadas 2012, e no espírito de preparação de 2016, seria um golpe duro. O jeitinho brasileiro funcionou para se encontrar uma solução conciliadora, com o aval das autoridades mundiais da natação. Todos erraram.
Cielo já está na história esportiva do Brasil pelas suas respeitáveis conquistas. Para brilhar nas próximas competições, o Brasil precisa formar muitos novos atletas, que respeitem a ética esportiva. Uma punição mais rigorosa ao nadador seria um excelente exemplo para as futuras gerações, mostrando que a vitória é fruto da dedicação e da técnica. Jamais, dos truques baratos e da malandragem.
Cielo poderá ser hostilizado por muito tempo. E nós perdemos uma ótima oportunidade de dar exemplo. Perpetuamos a Lei de Gérson.
Evidentemente, este post não é apenas sobre natação, um dos menores problemas do Brasil. Estou torcendo para que a fúria moralizadora de Dilma no Ministério dos Transportes amplie-se para toda Esplanada. E que não seja só contra os "aliados", mas com os seus correligionários também.
Foto: O centro velho de Arbois, cortado pelo rio La Cuisance. Como nas pequenas cidades francesas, entenda-se por velho construções de 200 a 500 anos.
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