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Saturday, February 8, 2014

Sochi

Se algum brasileiro está muito preocupado com os grandes eventos esportivos de 2014 e 2016, existe um atenuante. A expectativa é tão ruim, que dificilmente faremos pior. Já para o governo, aconteça o que acontecer, será sempre um sucesso.

Seremos perdoados. Não precisamos mais nos comparar com a Rússia e sua suntuosa sede de Sochi. No ranking econômico, a Rússia e a China estão num patamar acima, são países propulsores do desenvolvimento mundial, aquilo que sobrou do antigo BRIC. O Brasil, agora, é parte do grupo "fragile five", com a África do Sul, Índia, Indonésia e Turquia. O mais triste é que o custo dos grandes eventos nos deixará ainda mais frágeis.

Apesar do bilionário investimento feito em Sochi, os hotéis inacabados viraram motivo de chacota. Mesmo que todo o resto dê certo, Sochi é um escândalo. Os russos - e os europeus em geral - enxergam a organização das Olimpíadas do frio, da mesma forma que nós vemos os eventos locais: corrupção, roubalheira, improbidade, indecência, etc.

Nas palavras da Economist: "Corruption comes in different forms: overstating costs, giving contracts to friends and relatives (some of whom have no qualifications) and reworking the same construction site several times over to justify charging more. Most of the money came directly from the state or via state banks".

Não se assustem com a familiaridade do texto, o Brasil ainda é institucionalmente mais evoluído do que a Rússia.

Para não ficar só em desgraça, confesso que estou esperando pelo campeonato de curling e que gostei muito da abertura dos Jogos. Acho que o uso de projeções digitais está apenas começando e tem grande potencial. É certamente uma ferramenta para se valorizar grandes eventos e cidades sem graça como São Paulo.


Veja também: Campeonato de corrupção em Sochi


Foto: O Begijnhof de Amsterdam, algo como uma vila de beatas. A origem dessas comunidades é medieval. Outras cidades holandesas e flamengas ainda conservam seus Begijnhof. Possivelmente, publicarei algumas dessas fotos.

Tuesday, July 2, 2013

Tarde da noite

Felizmente, a televisão belga transmitiu a final da Copa das Confederações. Era muito tarde, mas valeu ficar até o final para ouvir o locutor dizer que, com um Brasil jogando daquele jeito, nem a seleção da Bélgica resistiria.

A Copinha acabou e ninguém mais fala do nosso futebol e nem das nossas manifestações. Não dá mesmo para competir com Egito e Turquia!

Dia desses, o ex-ministro francês Bernard Kouchner esteve num programa de TV, daqueles debates de final de noite típicos da TV francesa. O jornalista perguntou-lhe sobre as semelhanças entre os movimentos turco e brasileiro. O ex-diplomata foi curto e grosso: "Nenhuma". Também valeu ficar acordado para ver a cara de tacho do entrevistador. Segundos depois (pareceu uma eternidade), Bernard discorreu melhor sobre o assunto.

O Courrier International, jornal que sintetiza a imprensa mundial, por sua vez, diz que há muito em comum entre o Brasil e Turquia, explicitando a movimentação das “novas classes médias”.

Há algumas semanas, li alguns artigos sobre a Turquia. Uma matéria do Economist sobre os métodos de Erdogan me surpreendeu. Não imaginava que o Erdogan daqui já teve dois mandatos e elegeu a sua sucessora.

Acima, mais uma foto do "legado" da Expo 98 de Lisboa. Abaixo, selecionei quatro cartuns da imprensa internacional sobre as manifestações no Brasil. Os autores são Patrick Chappatte (dois primeiros), Arcadio Esquivel e Osvaldo Gutierrez Gomez.





Saturday, November 5, 2011

Bicentenário

No simpósio promovido pela The Economist, nesta semana em São Paulo, o tema foi o Brasil que se aproxima do seu bicentenário (Brasil 2022). Apesar das recentes conquistas, de tantos estrangeiros excitados e de tanto dinheiro entrando, a divulgação do IDH foi providencial para nos lembrar onde estamos. Uma modestíssima 84a posição mostra que ainda há muito a ser feito. Não foi à toa que o índice saiu no dia de Finados.

Os demais países do BRIC também têm muito por fazer: China (101), Índia (134) e Rússia (66). Mas, como disse o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Tang, "BRIC é só marketing".

O executivo roubou a cena no Brasil 2022. Questionado sobre a competitividade chinesa, disse: "A China não é responsável pelo custo Brasil". Desafiado sobre alguns percalços na ampla parceria entre Brasil e China: "Não existe amizade entre países, apenas interesses comuns". Foi muito claro ao explicar por que a China não apoia o Brasil na reforma do Conselho de Segurança da ONU: "Enquanto o Brasil se aliar ao Japão para entrar no Conselho, a China vai se opor". Muito claro. Claríssimo!

Puxei o assunto para a China, por que há consenso de que o Brasil tenha sido muito beneficiado pelo seu crescimento vigoroso. Entretanto, a novidade dos próximos anos pode ser a frenagem deste gigante, como consequência da deterioração da situação econômica da Europa e dos Estados Unidos.

A chuva de dinheiro que cai na nossa horta vai parar.  Não poderemos continuar "na banguela" por mais alguns anos. Nesse quadro, a construção de um país melhor em todos os aspectos, orgulhoso dos seus 200 anos de independência, só dependerá de nós.

Lamentavelmente, o governo Dilma perdeu a oportunidade de fazer qualquer reforma significativa. Talvez, o susto de uma nova e profunda crise mundial sensibilize a classe política.

Algumas citações circularam no evento da Economist. Não vejo de forma alguma um grego falando para um brasileiro: "Eu sou você amanhã". Por outro lado, concordo com outras: "Brasil pode ficar velho antes de ficar rico" ou "Brasil é uma obra inacabada".


Fotos: Centro de Saint-Martin-de-Ré, principal núcleo da Île de Ré, um destacado polo do turismo francês.


PS- Vocês lembram do "sesquicentenário"? Pois é, estamos ficando muito experientes.

Friday, July 23, 2010

Hamburger da vovó

Quando fui expatriado, tive direito a um prêmio devido a diferença de custo de vida entre o Brasil e a França. A cada ano que passa, o prêmio diminui. Do jeito que as coisas vão, eu e todos os expatriados brasileiros veremos o bônus virar malus.

A Economist mostra isso de outra forma, através do famoso índice Big Mac. O Brasil possui o quarto Big Mac mais caro do mundo, juntando-se a países como Noruega, Suécia e Suíça. Pelo menos, em alguma coisa, a gente alcança eles!

Um colega alertou há uns bons anos: "No Brasil que dá certo, as coisas ficarão caras". Ainda não chegamos lá, mas essa sobrevalorização da nossa moeda pode ser longa. Diz a Economist: "Burgernomics suggests that the Real is overvalued by 31%". Bom para comprar no exterior, mas limita a competitividade de vários setores da Economia. Muita gente deve estar sentindo o aperto no bolso mesmo com o país crescendo.

Recado para Serra e Dilma: A cura dessa distorção não requer mágicas nem manipulações. Usem a receita da vovó: Redução de déficit público, melhor infra-estrutura, estímulo ao investimento e competição, sistema de tributação mais justo, mais crédito, taxa de juros normais, etc.


Foto: Voltando a Colmar, a foto mostra o Museu Bartholdi, antiga residência de Auguste Bartholdi, o célebre escultor da Estátua da Liberdade. Passeando pela França, cruzei com diversas criações do escultor, mas nenhuma a altura do famoso presente francês aos EUA. Sem duplo sentido.

Saturday, May 9, 2009

Egocracia 3

A melhor massagem no ego que Sarkô poderia receber é a capa da Economist, publicação ícone do liberalismo econômico. O artigo da edição de 9-15 de maio (“Vive la différence”) fala sobre muitas das coisas que venho comentando neste blog, sobretudo do dirigismo francês e como ele ajuda a superar a crise atual. Embora o modelo não tenha sido criado por Sarkô, que foi eleito para “americanizar” a França, a revista mostra um pódio com ele na posição mais alta.

A matéria menciona dois indicadores em que a França se destaca em relação às nações do primeiro mundo: Expectativa de vida ligeiramente superior e distribuição de renda bem mais uniforme. Entretanto, para os discípulos de Adam Smith, o problema é sempre o mesmo, o que resolve o problema em tempo de vacas magras, não ajuda na hora das vacas gordas.


Foto: Opera e Palácio de Congressos de Vichy, situado no belo edifício do século XIX. Com mais de um século entre gênios como Verdi e Puccini, tem na temporada de 1940 a pior das lembranças, quando foi local da assembléia que deu plenos poderes ao regime de Pétain.