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Thursday, October 15, 2020

Cueca


A pandemia provocou uma certa aversão ao papel moeda. É cartão pra cá, cartão pra lá, celular pra cá, celular pra lá. A abundância de maquininhas de pagamento permitiu que qualquer comerciante possa oferecer opções de pagamento com ou sem contato. Imagino que muitos jovens tenham dispensado a boa e velha carteira. Documentos e dinheiro foram finalmente digitalizados.

Com o lançamento do PIX, tudo ficará ainda mais dinâmico, confiável e barato. Bom para todo mundo. Digo todo mundo mesmo. A enorme população desbancarizada do Brasil – cerca de 45 milhões - será grande beneficiária.

O projeto do PIX é um marco em si. Foi coordenado com competência pelo BACEN, que mostra sua determinação em fazer do nosso sistema financeiro uma referência mundial e aumentando a sua competição interna.

Entretanto, às vésperas deste marco importante, uma trágica contradição: mais um político é flagrado com dinheiro na cueca. Literalmente, dinheiro sujo. E o que dizer então da recém-criada nota de 200 reais? Enquanto que uma parte da gestão pública vai na direção certa, uma outra continua no mau caminho.

As transferências diretas de dinheiro - TED, DOC, boleto e cartões - deixam rastro, assim como o PIX. Bandidos e corruptos continuarão precisando de papel moeda para acobertar suas tenebrosas transações.

A digitalização do dinheiro dificulta a vida da criminalidade. Não é porque alguém tenha pago coisas caras com papel moeda que seja corrupto, mas a gente vai ficar cada vez mais desconfiado.

Em 2017, elogiei a Índia pela substituição repentina do seu dinheiro. Os criminosos tiveram muito trabalho, mas a ousadia acabou prejudicando bastante a maioria humilde do país de quase 1,4 bilhão de habitantes. O caso da Índia não pode ser ‘copiado e colado’. Pelo menos, eles tentaram. Aqui no Brasil, o crime e a corrupção continuam conquistando terreno.

Se não podemos conter a criminalidade, deveríamos fazer o máximo para dificultá-la. Jamais o contrário.

 

Foto: Final de semana em Tréveris (Alemanha), na primavera de 2016. A cidade é conhecida por suas ruínas romanas e por ter sido berço de Marx. Na foto, uma tomada a partir da praça central.

 

Leitura complementar:

Lavagem – Post de 2017


 

Thursday, February 20, 2014

Esquerda

O termo "esquerda caviar" surgiu na França para designar aqueles socialistas que não abrem mão de uma vida de muito conforto. Uma vez no poder, esquerdistas daqui e dali apegaram-se ao luxo. Entretanto, devemos reconhecer, que essa geração foi às ruas e combateu pelos seus ideais.

É o caso dos líderes do PT - presidiários ou não -  e dos franceses, que quebraram tudo em 1968. No poder, são um péssimo exemplo para os comunas de hoje. Esses sim são diferentes. E como!

Os comunas de hoje terceirizam a bagunça. Para horror de Trotski, contratam pobres coitados e não-tão-pobres-assim para representá-los nas praças públicas das nossas capitais. Pedra pra cá, porrada pra lá, bala de borracha pra cá, rojão pra lá. Marx não imaginaria tão vil exploração do proletariado.

Mas nem tudo é decepção no mundo da luta contra as classes opressoras. Os trabalhadores estão mais unidos e não se dão por vencidos. Fizeram até um "rebranding" da baderna através do Black Bloc.

Eu sou do tempo em que um coitado fazia uma manifestação apenas por um lanchinho. Uma vez, cruzei com uma passeata na Paulista. Parecia um bando de zumbis, que mal sabiam repetir aquilo que o homem do megafone esbravejava. Como disse o poeta: "Que tétricas figuras!"

A remuneração dos manifestantes subiu de zero para 150. Imagina na Copa!

Enfim, já não se fazem mais comunas como antigamente. Qualquer hora eu volto para avacalhar com a nova direita brasileira.



Foto: Um canto de tranquilidade no zôo de Amsterdam.