Monday, March 28, 2011

Live long and prosper

Você esqueceu de cumprimentar William Shatner e Leonard Nimoy, que completaram oitenta anos na última semana? Para não repetir essa grosseria, guarde bem este post, com as datas de nascimento dos nossos eternos heróis das aventuras onde nenhum homem jamais esteve.

Aproveitei para espalhar os endereços dos seus sites oficiais e Twitter. A tripulação da Enterprise envelhece, mas permanece conectada. Comecei seguindo todos, mas fiquei apenas com o Sr. Sulu.

James T. Kirk - William Shatner (March 22, 1931)
Site: http://www.WilliamShatner.com

Spock - Leonard Nimoy (March 26, 1931)

Hikaru Sulu - George Takei (April 20, 1937)
Twitter: @GeorgeTakei
Site: http://www.georgetakei.com/

Pavel Chekov - Walter Koenig (September 14, 1936)
Site: http://www.walterkoenigsite.com/

Uhura - Nichelle Nichols (December 28, 1932)
Site: http://www.uhura.com


Além dos já desconectados, mas sempre na nossa lembrança:

Leonard McCoy - DeForest Kelley (January 20, 1920 - June 11, 1999)

Montgomery Scott - James Doohan (March 3, 1920 - July 20, 2005)



Foto: De volta a Nîmes (Languedoc-Roussillon), começo pela maior atração da cidade, uma das arenas romanas mais bem conservadas do mundo, ainda em uso para espetáculos e touradas. A estátua a sua frente é homenagem a Christian Montcouquiol, mais conhecido como Nimeño II, ícone da tauromaquia francesa.

Sunday, March 27, 2011

Enquanto isso, na Gália 2

Parte da minha viagem de volta da França foi feita de trem, de Nîmes a Paris. Tive a oportunidade de rever Nîmes - a primeira vez foi em 2007 - e as suas fotos ilustrarão os próximos posts.

A primavera já mostra a sua cara nos campos cortados pelo TGV. Além da temperatura amena, dias ensolarados, muito verde e algumas flores. As videiras do Rhône e da Borgonha já não são apenas aqueles arbustos secos e retorcidos do inverno.

- A França discute profundamente a questão nuclear. Sarkô prometeu fechar todas as usinas que não passarem numa nova reavaliação de segurança. O assunto Fukushima é acompanhado com muito cuidado no país, dada a sua dependência da energia nuclear. Um artigo do Le Monde coloca o acidente japonês como marco da destruição da Terra pelo homem e anuncia o fim do período antropoceno. Exagero?

- Chegando ao Brasil, soube que Roger Agnelli, o presidente da Vale, vai dançar graças à pressão do governo. Depois de alguns anos na França, já me acostumei com o governo colocando o dedo em tudo, mesmo quando se diz de direita. O maior acionista privado da Vale, o Bradesco, não vai reclamar, por que a privatização foi ajudada pelo BNDES, pelos fundos de pensão e o setor bancário vai muito bem, obrigado.

- Na revista do cinema do primeiro semestre de 2010, comentei sobre "Cópia Fiel", filme estrelado por Juliette Binoche, em cartaz em São Paulo. A crítica brasileira parece bem mais favorável do que a francesa. Em 2010, eu disse: "Juliette Binoche dá um show de interpretação...mas o filme é sofrível". Já com "Cisne Negro", observo o fenômeno inverso. Apesar de ser americano, o filme é extremamente bem apreciado pela crítica francesa e nem tanto pela brasileira. Passando por Paris e Lyon, assisti "Les Femmes du 6ème étage" e "Ma part du gâteau". Acho que ambos são melhores que "Cópia Fiel".


Foto: A última foto da Abadia de Fontenay mostra a fonte que orna o jardim atrás da sua igreja.

Friday, March 25, 2011

Enquanto isso, na Gália 1

Nas duas últimas semanas passadas na França, as principais novidades vinham do Japão e da Líbia. Entretanto, não posso deixar de comentar algumas novidades locais.

- O suposto escândalo de espionagem da Renault foi mesmo um factóide armado pelo homem de segurança do grupo, Dominique Gevrey. Como eu disse, virou um assunto de Estado com grande repercussão. O cidadão do mundo Carlos Ghosn foi à televisão pedir desculpas aos executivos demitidos. Tudo indica que sua cabeça esteja a prêmio.

- Domingo passado, tivemos eleições por aqui. Foram as eleições departamentais, conhecidas como “cantonales”. A abstenção de 56% foi marcante. A extrema direita conseguiu mesmo ganhar espaço, numa eleição vencida pelo PS e seus aliados. Enfim, foi mais uma grande demonstração de aversão à gestão atual.

- Estava eu no centro de Nîmes, quando vi o carro do Google Street View vasculhando a pequena cidade de origem romana. Como se não bastasse a Googlefobia gaulesa, a Comissão Nacional de Informática e Liberdade aplicou uma multa de 100 mil euros no Google. A multa não se deve às imagens coletadas pelo Street View, mas pelos dados pessoais absorvidos via wifi.


Foto: A penúltima foto da Abadia de Fontenay, um lugar realmente excepcional. Parecia estar num campus de uma antiga universidade.

Monday, March 21, 2011

Nem fóssil nem físsil

Os acidentes nucleares do Japão geraram uma onda de questionamento desta forma de energia no mundo inteiro. Na Europa, o destaque é a França, o país que mais depende desta fonte em todo o planeta (74%). Excluindo-se, obviamente, os verdes, as posições contrárias à energia atômica não são vinculadas nem à direita nem à esquerda. Vozes de todos os partidos clamam pela discussão.

Até antes do episódio nipônico, a França estava bem na foto com a sua independência energética. Trocou o fóssil pelo físsil. Areva e EDF têm apresentado propostas no mundo inteiro, vendidas pessoalmente pelo Presidente. Por incrível que pareça, as fazendas de energia eólica e solar despertavam mais controvérsias do que as usinas atômicas. Elas se instalaram de forma desordenada, gerando uma série de conflitos com agricultores e pequenas cidades.

Ao contrário da Alemanha e da Itália, que já preparam a sua despedida do átomo, a França não deve fazê-lo tão cedo. Talvez interrompa a sua expansão. Entretanto, a tragédia japonesa nos ensina, mais uma vez, que não se brinca com energia nuclear.

Apesar da imagem de seriedade da sociedade japonesa, os escândalos na gestão do seu patrimônio nuclear não são recentes. Houve uma série de pequenos acidentes em suas usinas nas duas últimas décadas. Todos convenientemente abafados. O Brasil não faria pior.

Se a energia nuclear já é uma atividade intrinsecamente arriscada, qualquer ingerência humana a torna incontrolável. Talvez, por isso, muita gente prefira nem confiar nela. Energia nuclear não combina com gestão empresarial. Combina com segurança ao extremo, redundância, controles e mais controles, etc.

Enfim, o modelo francês com duas estatais gordas e pouco preocupadas com produtividade é o menos ruim para se explorar a energia nuclear. A França poderá aumentar ainda mais seus requisitos de segurança e começar a pensar num portfólio mais variado de fontes de energia.

Se queimar petróleo e seus derivados é um crime contra o planeta, quais seriam as alternativas? A combinação de fontes de energias limpas e renováveis está aí para ficar. Também acho que um grande projeto para se diminuir as perdas no transporte e consumo da energia seria muito importante.



Foto: Um outro prédio histórico da Abadia de Fontenay (Borgonha).

Saturday, March 19, 2011

No mercy!

O bombardeio aliado contra a Líbia começou esta tarde. A aviação francesa, ansiosa para promover o Rafale, fez os primeiros ataques. Não posso afirmar se Sarkô fez algum ponto. Veremos nas próximas semanas.

Todos querem acabar com o Kadafi. Eu também. Se o terremoto japonês não desviou a nossa atenção da Líbia, esta operação militar certamente servirá de cortina de fumaça para as demais revoluções árabes. No Bahrein, Síria, Arábia Saudita e Iêmen, a oposição será esmagada. Como diria o próprio Kadafi: “No mercy”.

A França e a Inglaterra não amam os líbios e nem são “valentões”, mas quando Kadafi mostrou que seria capaz de exterminar a sua própria população, as vozes mais sensatas da Europa gritaram. A campanha de Bernard-Henri Lévy foi marcante aqui na França. Além do mais, a Líbia está a um passo das bases da OTAN e possui uma defesa obsoleta. Até tem alguns aviões, mas os pilotos sumiram! O petróleo da Líbia também não é tão preocupante.

Sorte para a resistência da Líbia, azar dos outros. Os demais ditadores árabes - e o persa também - sabem que o Ocidente tem poucas balas. Poderão “descer o cacete” à vontade por mais algumas semanas.


Foto: Uma outra tomada da Abadia de Fontenay, com a sua igreja ao fundo.

Sunday, March 13, 2011

Direita, volver!

Espero que a catástrofe japonesa não tire as nossas atenções dos países árabes. Não podemos dar folga para o Khadafi. Enquanto os EUA e a ONU hesitam, o pequeno Nicolas se empenha para liderar uma ação militar européia contra o ditador. Quem diria!

O esforço do presidente é visto pela própria imprensa francesa como "mise en scène". Depois do desgaste na Tunísia e no Egito, o governo francês quer apagar a impressão de que está sempre do lado dos ditadores. Impressão não, fato. Mas, sejamos justos, não é exclusividade da França.

A maior ducha de água fria para Sarkô foi a divulgação das primeiras pesquisas relativas às eleições presidenciais de 2012. As duas primeiras apontaram a vitória da extrema-direita, liderada por Marine Le Pen. Confesso que sempre encarei esta política como personagem folclórico, assim como seu pai. Jamais imaginei que pudesse entrar numa corrida presidencial. Parodiando o intelectual George W. Bush, a Marine é a mais pura representação da "França profunda".

Felizmente, a terceira pesquisa já aponta a vitória do atual presidente do FMI, Dominique Strass-Kahn, do PS. Todas as três pesquisas indicam que o atual presidente não chegaria ao segundo turno.

Apesar de ser muito cedo para se tirar quaisquer conclusões, é um sinal relevante do descontentamento da população. Sarkô tentou seduzir eleitores de um amplo espectro político, se esforçou para melhorar a sua imagem e jogou para a torcida. Porém essas coisas não colam muito na França.

Passo as próximas duas semanas por lá, bastante curioso para decifrar melhor essa ascensão da extrema direita francesa. A bientôt!



Foto: Ainda na Abadia de Fontenay (Borgonha), o claustro da igreja.

Saturday, March 5, 2011

Ex-cola 2.0

Nas últimas semanas, dois casos comprovados de plágio foram muito comentados. O primeiro foi o do Professor Andreimar Soares na USP (Ribeirão Preto). O segundo, do ex-ministro alemão Karl-Theodor zu Guttenberg, da Universidade de Bayreuth . Também tivemos o caso de Saif Al-Islam Kadafi, suspeito de plágio na sua tese de doutorado na London School of Economics. Porém, deste último, não esperávamos muita coisa.

Andreimar e Karl-Theodor se deram mal, muito mal. Seus nomes estão na latrina. Que sirva de exemplo para o mundo inteiro, sobretudo para quem ainda está nos bancos escolares. Plágio não é invenção do século XXI, mas presume-se que as facilidades trazidas pela tecnologia da informação facilitaram a vida dos maus estudantes e profissionais das mais diversas áreas. É o mundo do "copiar e colar" atropelando a ética.

Felizmente, a própria tecnologia, que tanto facilita a cópia, dá meios para controlá-la. Existem dezenas de ferramentas sendo usadas para se detectar o plágio. Limitadas ou não, certamente têm ajudado. Entretanto, o caminho não é por aí.

Em 2009, escrevi o post "Ex-cola", que ainda é atual. No meu tempo de estudante, o máximo que se discutia era o uso de calculadoras em determinadas disciplinas. Hoje, com um dispositivo bem menor do que aquelas calculadoras, temos pleno acesso a Internet.

A questão maior não é colar ou não colar, copiar ou não copiar, mas se os cursos estão adaptados para esse novo mundo. Não adianta fugir da realidade, o conhecimento factual estará sempre na palma da mão e cada vez mais acessível. As escolas devem necessariamente mudar seus currículos e métodos. Quando um estudante enfrenta o dilema de colar ou não colar, já é tarde demais. Errou na escolha da escola, do curso ou do professor.


Foto: Em Fontenay, acima, a vista frontal da igreja. Abaixo, o seu interior.