Sunday, December 22, 2013

ET


Há poucos dias, um colega postou um texto sobre ETs no Facebook e recebeu um comentário irônico deste blogueiro. Neste post, esclareço a minha posição sobre um tema que, com frequência, mistura coisas sérias e não tão sérias, ciência com crendices.

Pela dimensão do Universo, acredito que seja muito difícil não haver alguma forma de vida além da Terra. Que sejam simplesmente bactérias, em algum lugar, a vida existe. Isso, para mim, é quase certo.

Uma coisa é perguntar se há vida lá fora, outra é perguntar se nos encontraremos algum dia. Pelo imensidão do Universo e considerando que ele continua em expansão, muito provavelmente, nunca encontremos outros seres.

Do nosso lado, o melhor que fazemos hoje é rastrear sinais vindos de outros mundos. Notem que esses sinais foram emitidos há milhares de anos, o que tem suas limitações. Nós mesmos começamos a exportar “ondinhas” detectáveis lá fora há pouco mais de um século.

Pensando no contrário, poderíamos imaginar uma civilização muito mais evoluída, capaz de cruzar o espaço - desafiando o nosso conhecimento atual – para nos brindar com uma visita? Sim, por que não?

A vida que conhecemos é fruto de uma sucessão de eventos ao longo de milhões de anos. Nesse contexto, mil anos, por exemplo, não é nada. Comparem o que existia de tecnologia em 1014 com 2014. Dá para extrapolar para 3014? Certamente haverá tecnologias que julgamos impossíveis hoje.

Por isso, não descarto que sejamos visitados por ETs algum dia. Só teimo em acreditar que eles atravessem o Universo para visitar Varginha e Roswell. Isso sim é brincadeira!


A todos vocês, boas festas e um 2014 de outro planeta!



Foto: Pôr do sol na praia de Coronado, em San Diego.

Thursday, December 19, 2013

Escolhas


Alguns assuntos que foram notícias durante a semana mostram como a nossa sociedade é complexa. Na mão dos líderes daqui e dali, não existem decisões óbvias.
  • Um dos debates paulistanos é a circulação de táxis nos corredores de ônibus. A sua proibição traz benefícios evidentes para a maior fluidez dos coletivos. Por outro lado, acredito que um sistema de táxi rápido e competitivo complementa o próprio transporte coletivo. É essencial para os negócios da cidade e pode ser um fator de peso numa decisão de se abandonar o carro próprio.
  • Há três anos, fiz um post satirizando a demora na decisão de compra dos novos caças da FAB. Outra questão difícil, cada alternativa tinha seus prós e contras. A opção sueca agrada aos militares. O Lula tinha uma visão mais política dessa compra. Concordo com ele, pois uma parceria com a França ou Estados Unidos poderia ser muito mais ampla, envolvendo trocas mais importantes do que apenas os aviões.
  • O governo desconversa quando é questionado sobre o pedido de asilo do Snowden. De fato, a coisa parece não ter sido formalizada corretamente. Snowden pode ser um “mico”, mas também pode trazer um pouco mais de brilho e protagonismo ao Brasil no debate global sobre privacidade.  Não seria ruim para os EUA. Afinal, qualquer coisa é melhor do que deixá-lo sob a guarda do democrático e honesto Putin.
  • Ainda sobre o Snowden, é difícil de acreditar que o assunto não esteja na pauta diária da Casa Branca. Quando escrevi meus posts sobre o caso, não imaginava um estrago tão grande. Há uma série de repercussões negativas internas e externas, gerando desgastes e perdas econômicas. Os EUA devem negociar com Snowden? Ó dúvida cruel! Acho que sim. Tudo indica que tenha revelações ainda mais bombásticas e não esteja blefando. Bem, neste caso ainda é preciso encontrar uma saída honrosa para o pessoal de Washington.

Enfim, neste post mostrei quatro decisões difíceis. Nenhuma seria isoladamente certa ou errada. Talvez não façam sentido sozinhas, estão inseridas dentro de um contexto, associadas a outras escolhas. Ao final, julgaremos Haddad, Dilma e Obama pelo “conjunto da obra”. Como disse Camus: “A vida é a soma das nossas escolhas”.


Foto: Jardim japonês do Parque Balboa em San Diego.

Saturday, December 14, 2013

Santos e humanos


Impressionado com a unanimidade em torno de Nelson Mandela? Difícil achar algum artigo fazendo críticas a este grande personagem do nosso tempo. Gostei muito de um artigo de Adam Roberts, republicado no Estadão. Começa assim: “Devemos lembrar do maior ícone da luta contra o apartheid na África do Sul como uma figura humana calorosa e poderosa, um homem político e pragmático, mas não como um santo”.

Mandela está longe de ser um santo. Vê-lo dessa forma seria uma espécie de fuga. Seria messianismo ou, como diz o Arnaldo Jabor, o Sebastianismo luso-brasileiro. Seria acreditar que as grandes mudanças dependem exclusivamente de um salvador. Um convite a se aceitar qualquer situação, por pior que seja, por que somente o salvador poderá resolvê-la.

Nada disso. Mandela cometeu inúmeros erros. No seu governo, houve inúmeros casos de corrupção, compadrio e outras coisas tão comuns por aqui. Há também o escandaloso descaso com a AIDS e a eterna acusação de peleguismo pelos negros mais radicais. Nada disso tira o seu grande mérito. É um ser humano como todos nós, que também erra e tem seus vícios, mas fica para a história como aquele que possibilitou o fim de uma das maiores vergonhas do planeta. O homem certo, na hora certa, no lugar certo.


Obama desceu do pedestal e também mostrou seu lado mais humano. Acho que não houve malícia naquela animada conversa entre ele e os líderes do Reino Unido e da Dinamarca. Aquele momento tão à vontade provocou uma reação também muito humana da Michelle. Infelizmente - ou felizmente - as câmeras registraram tudo. Parodiando o velho ditado: O marido da primeira-dama não basta ser honesto, precisa parecer honesto.


E quem precisa parecer um pouco mais honesto é o governo brasileiro. Não falo de nenhum escândalo recente de corrupção, falo da possibilidade de se adiar a obrigatoriedade de uso de freios ABS e airbags a partir de janeiro de 2014. O Brasil já está atrasado nesse quesito e essa medida propiciará que muitas vidas sejam salvas. Conforme a resolução de 2009, a indústria já está preparada para o fim dos carros sem freios ABS e airbags. A essa altura do campeonato, trocar muitas vidas humanas por alguns décimos de inflação é imoral. O governo poderia até fazer suas contas, mas sem contar para ninguém!


Foto: Para quem gosta da temática militar, a visita ao Midway é um dos programas de San Diego. 

Saturday, December 7, 2013

Mandíbula


Agora ninguém mais segura, entramos no clima de Copa do Mundo. Com a realização do sorteio das chaves, a elite do pensamento nacional começa uma longa fase de conjecturas. Logo mais, aparecerão os "bolões". Aqueles nos quais você coloca toda sua sapiência e conhecimento futebolístico, mas, no final, quem ganha não sabe nem o que é impedimento.

Não tenho nada contra o mundo mágico futebol. Pelo contrário. Só espero que sobre algum espaço na mídia para se continuar tentando melhorar o país, investigando e denunciando.

Nos últimos dias, cheguei à conclusão que a imprensa deve dar mais espaço ao ex-presidente Lula. Deixem-no falar. Dêem-lhe cordas. A história recente do país só tem a ganhar.

A mídia assinalou muito bem três lapsos recentes de Lula. O primeiro foi o escandaloso "estamos juntos", dito pelo telefone ao presidiário José Dirceu. Dispensa comentários.

No segundo, talvez menos espetacular, disse "a lei só vale para o PT", reconhecendo que o STF, liderado pelo lunático Joaquim Barbosa, aplicou a lei.

Ontem, ao receber o título de doutor honoris causa da UFABC (!), dirigiu-se a Dilma e esbravejou: “Depois que ele se forma doutor, não espere que ele ficará agradecido. Ele vai para a rua fazer manifestação contra você”. Lula finalmente reconheceu que as manifestações também foram contra o governo petista, contrariando todo o esforço dos seus companheiros.

Enfim, deixem o Lula falar! Atos falhos podem não ser aceitos como provas criminais, entretanto a sociedade clama por esclarecimentos sobre seus laranjas, filhos e amantes. O Brasil sempre sonhou ter um líder como Madiba, mas ganhou mesmo uma grande mandíbula.


Foto: Montagem com algumas fotos tiradas no zôo de San Diego, um dos melhores e maiores parques do gênero do mundo.

Sunday, December 1, 2013

Novembro

Para mim, este último mês, os 30 dias entre Halloween e Black Friday, vulgarmente conhecido como novembro, foi uma loucura. Correria total. Sinto que as celebrações de final de ano foram antecipadas.

Na prática, como a possibilidade de se criar eventos de confraternização é muito grande, antecipar não significa diluir, antecipar é dar espaço para mais festas! É mais ou menos como o trânsito em São Paulo. Pode-se implementar um rodízio e construir avenidas, mas tudo estará sempre cheio.

Se, em 2014, começarmos a celebrar em outubro, teremos um trimestre inteiro de festas! Assim, a gente cai naquela história de emendar Carnaval, Copa, eleições e fim de ano.

Pode parecer exagerado mas, há poucos dias, estava explicando para um francês a minha dificuldade de agenda nessa época do ano: "Sabe, aqui é diferente, tem muitas festas. Quando morava aí, só tinha a comemoração do Dia de Reis e olhe lá". Bom, espero que o tenha convencido.

Há uns bons anos, não passava a temporada festiva inteirinha no Brasil. Estranhei. Perderei a Fête de Lumières e não estive no lançamento do Beaujolais Nouveau. Não é mole ;-) O pior de tudo é ser bombardeado dia e noite por notícias de corrupção, guindaste caindo, museu pegando fogo, etc. O jeito mesmo é curtir as festas.

Comecei o post dizendo que o mês começava com Halloween e terminava com Black Friday, duas incorporações recentes da cultura brasileira.

O bom do Brasil é misturar as coisas importadas da Europa e dos EUA com heranças coloniais e nativas. A minha esperança no país reside justamente na possibilidade de ser esse caldeirão cultural único. Entretanto, neste caso, diria que nem sempre a gente copia as coisas certas.



Foto: Por falar em Black Friday e Halloween, fotos de uma viagem a San Diego (EUA) de janeiro deste ano. A minha base foi o Hotel Del Coronado, considerado marco histórico, por ser uma das maiores e mais belas construções de madeira remanescentes.