Sunday, May 31, 2009

Praga

Passei o terceiro feriado prolongado de maio em Praga. Não posso dizer que foi uma surpresa, dada as inúmeras recomendações recebidas antes da viagem. Pude confirmar a sua beleza, a riqueza histórica e a sua intensa vida cultural.

As conquistas e alternâncias de poder que fazem a empolgante história de Praga vão dos tempos mais remotos até os nossos dias. Afinal, a atual República Checa nasceu somente em 1993, após o fim do controle soviético, que durou até 1989.

Estar no coração da Europa Central tem o seu preço! Nesta trajetória milenar, Praga passou pelo status de capital do reino da Boêmia, do Sacro Império Romano-Germânico e até mesmo do Império Austríaco (Habsburgos), desbancando Viena por algum tempo.

Gostei muito da infra-estrutura turística. Foi realmente fácil e agradável se deslocar pela cidade. Muitos bares e restaurantes com opções variadas, ATMs e WCs por toda a parte. O povo é bem acolhedor e com um nível de inglês suficiente para tal.

As fotos de Praga ilustrarão os próximos posts. Na foto acima, o cartão postal da cidade, com destaque para a ponte Charles. Na foto abaixo, vocês podem perceber que tem muita gente visitando a cidade. A multidão forma-se a cada hora cheia para apreciar o relógio astronômico na Praça da Cidade Velha. O fantástico relógio de 1410 é uma das marcas de Praga. Voltarei a falar dele.

Passo a semana do outro lado do Reno, em congresso. Até breve!



Saturday, May 30, 2009

Nuke Ban 3

Afinal quem precisa de bomba atômica como recurso de dissuasão? Com um pouco de boa vontade e uma boa negociação, o banimento das armas nucleares não parece inatingível. Ninguém precisa delas! Neste post, falo de uma muito sintética dos problemas mais complexos.

O Paquistão tem uma excelente oportunidade para aprender que o seu maior inimigo não é a Índia. Ele está dentro de casa. Os progressos da Índia em muitas áreas são inegáveis. Que tal uma competição pela prosperidade? Se o exemplo vier do Ocidente, uma boa negociação poderá superar uma das rivalidades mais fortes e cruéis do mundo.

A encenação de Ahmadinejad é gritante e o discurso anti-israelense é puro oportunismo. Mais do que uma barganha, o Irã quer restabelecer uma histórica hegemonia persa. O Ocidente não pode reclamar, pois a provocação iraniana começou como oposição ao mundo árabe, numa época em que Saddam Hussein era o queridinho dos EUA e da Europa. Saddam ganhou até uma usina nuclear da França, providencialmente destruída por Israel. O Irã não precisa de bomba, precisa de diálogo e democracia. Obama só não pode dormir no ponto, pois a economia mundial para, mas o plano nuclear do Irã não para.

A sofrível campanha israelense contra o Hezbollah mostrou que as dificuldades do país são de outra natureza. Foi-se o tempo em que tanques, aviões e tropas bem treinadas resolviam qualquer problema. A maioria dos paises árabes já não representa ameaça direta. Para que serve a bomba israelense senão estimular outros a embarcarem na mesma aventura? O que adiantaria retaliar com armas nucleares uma grande metrópole árabe densamente povoada e com infra-estrutura precária? Acho que Israel deveria dar o exemplo e renunciar unilateralmente às armas nucleares.

Talvez o último país a aceitar o banimento das armas nucleares seja a China. As ambições chinesas são totalmente desmedidas. São imperialistas, monopolísticas, autoritárias, vingativas, etc. A China fará os EUA do último século parecerem uma associação filantrópica.

Encerrando esta série de posts, depois que os líderes mundiais colocarem a economia de volta nos trilhos, que o “total nuke ban” seja uma prioridade. Antes que seja tarde.


Foto: A última imagem de Genebra, a estátua “La Bise”, de Anorld Koenig, também enfeitando o lago Léman.

Thursday, May 28, 2009

Nuke Ban 2

Kim Jong Il está furioso. Perdeu o Oscar de melhor ator. Perdeu Cannes também.

A maior preocupação da Europa e dos EUA não é o uso de armas nucleares diretamente pela Coréia ou Paquistão, mas que essas caiam em mãos terroristas, com os quais não haja nenhuma possibilidade de conversa. Vejam como é difícil retaliar a Al-Qaeda!

Mais do que nunca, as armas nucleares se tornaram um grande mico. Sem a bipolarização EUA/URSS e com a Europa unificada, elas perderam o sentido. Restam algumas situações particulares: Israel, Índia/Paquistão, China e Irã. Vamos discutí-las nos próximos posts.

Obama está certo quando restabelece o diálogo com todos os envolvidos. Nunca é tarde para se propor o banimento das armas nucleares. Afinal, isto é promessa de campanha. Vejam o discurso do então senador Obama no link abaixo:

Obama to Urge Elimination of Nuclear Weapons (New York Times, 2/10/2007)

 

Foto: Famoso edifício de Genebra, a Maison Royale, de frente para o Lago Léman.

Wednesday, May 27, 2009

Nuke Ban 1

Haja paciência com a Coréia do Norte! Quando as coisas pareciam estar bem encaminhadas, um grande retrocesso. A Coréia testa mais uma bomba nuclear, lança mísseis na direção do Japão e desafia a comunidade internacional.

Alguns países desenvolvem programas nucleares como instrumento de barganha. Obama, bem intencionado, tenta restabelecer o diálogo com dois deles: Coréia e Irã. Mas é preciso ter muito sangue frio para continuar negociando. Os japoneses e os sul-coreanos, alvos potenciais da loucura norte-coreana, que o digam. Os republicanos devem estar achando graça.

A comunidade internacional tem que apertar o cerco à Coréia, impondo represálias mais duras. Não há muito mais a ser feito. Porém, é bom ficar atento, pois nem sempre o diálogo resolve todos os problemas. A história recente mostra que a tirania não tem limites.


Foto: Um dos parques à margem do Léman, em Genebra, cenário de caminhas e corridas durante esta agradável viagem.

Sunday, May 24, 2009

O xis da questão 2

O TGV é um dos símbolos da França moderna. Nada mais justo. Nenhum país tem uma malha ferroviária de alta velocidade semelhante. Apesar dos problemas de 2008, notamente causados pelas sucessivas greves de maquinistas, o serviço ainda é um dos mais queridos da população. Uma recente pesquisa aponta os seus toilettes como maior razão de descontamento dos usuários.

Como usuário assíduo de TGV, posso confirmar. Com frequência, o cheiro dos sanitários está no limite do tolerável. E olha que as passagens são caras. A companhia que administra o TGV (SNCF) vai encobrir o cheiro de urina com perfumes. Limpar os banheiros, nem pensar.

Se a SNCF tem funcionários saindo pelo ladrão nas áreas administrativas, na hora de contratar gente para limpar os banheiros, a situação complica. A função e o seu salário não atraem nem patrões nem empregados. Vejam os meus posts “Lava roupa todo dia, que agonia”.

Em todo lugar é assim. Até num restaurante estrelado do Guia Michelin, podemos encontrar sanitários fedendo. Embora esta carência de mão de obra na base da pirâmide seja esperada nos países mais desenvolvidos, na França, a situação chega ao limite. Mas, se um dia o mundo tiver menos desigualdade, quem é mesmo que vai limpar os banheiros?


Foto: O famoso “Jet d’Eau” do Lago Léman (Genebra), que jorra a 140 metros.

Saturday, May 23, 2009

O xis da questão 1

Está decidido. Quase toda França vai continuar sem comércio aos domingos. Entre as poucas exceções, algumas áreas turísticas de Paris. Quem desperdiçaria milhões de euros trazidos por turistas perdulários? A briga entre os políticos é boa. A população continua dividida, com toda razão.

O aspecto mais evidente é que a abertura do comércio gera mais receitas, alimentando um círculo virtuoso. Pode ser verdade, ainda que muitos não acreditem. O segundo aspecto é a questão trabalhista. Regras complicadas somadas a sindicatos poderosos impossibilitam qualquer acordo. Na sociedade, há uma nítida sensação de exploração dos empregados que trabalham no domingo.

O terceiro aspecto, talvez o mais importante, é uma questão de valores. Na França, há uma leve aversão à sociedade de consumo e uma vontade de se manter um estilo de vida próprio, que tem no repouso semanal um dos seus valores mais caros.

Enfim, não abrir o comércio aos domingos parece algo atrasado. Parece, mas não é...


Foto: Vista frontal do Palácio das Nações. O movimento de carros neste e nos demais órgãos internacionais é tão grande, que se forma um congestionamento neste bairro da nem tão pacata Genebra.

Friday, May 22, 2009

Sambando com Obama

O governo de Israel não quer sambar com Obama. Netanyahou bom sujeito não é; é ruim da cabeça e doente do pé. Sem problemas, Obama fica e Netanyahou vai embora logo.

Para os amigos de Israel, é duro ver esta coalizão de direita, arrogante e autoritária, que permite o agravamento do isolamento do país. Obama e Hillary foram elegantes. Pelo menos em público.

Certas ou erradas, diversas iniciativas israelenses não possuem qualquer aprovação internacional: Os novos assentamentos, o regime imposto à faixa de Gaza, as respostas desproporcionais, etc. O forte apoio político dos EUA salvou o país de retaliações e boicotes. Qualquer país precisa de pelo menos um aliado!

Vamos torcer para que Netanyahou vá embora logo. A presidência de Obama é uma oportunidade única para algum avanço no Oriente Médio.


Foto: Vista lateral do Palácio das Nações. Além de ser a segunda sede da ONU, ele sediou a antiga Liga das Nações. Os salões da época são fantásticos. Diversas reuniões e inúmeros grupos de trabalho da ONU são sediados em Genebra. O prédio é cercado ainda por diversos organismos internacionais.

Thursday, May 21, 2009

Europiratas 3

O mais intrigante é que na Europa, especialmente na França, há um certo respeito com relação à propriedade intelectual no mundo físico. Existem cópias das grandes marcas, mas numa quantidade bem administrável. Quando passamos para o mundo do software e Internet, a coisa muda.

A França tem um índice de pirataria de software de 41%, entre os melhores do mundo (incrível!), porém, longe dos EUA e do Japão, com cerca de 20%. De qualquer forma, o mercado de software é outro em busca um novo modelo.


Foto: Sede do Museu Ariana, no parque que leva o seu nome. Todo o conjunto da ONU (vejam posts seguintes) está localizado no terreno que pertencia ao parque.

Tuesday, May 19, 2009

Europiratas 2

Enquanto as discussões continuam em Bruxelas, os mercados de CD e DVD despencam. Pior, o mercado de música digital também estagnou. A única coisa que cresce é o segmento dos downloads pelo celular, porém ainda longe de compensar os demais prejuízos.

O mundo do audiovisual está em plena transformação. Leis absurdas e controles ineficazes não servirão para nada. Nem como exemplo.  Vamos migrar para um novo modelo, com menos intermediação, mais escolhas e margens menores. 

A indústria da mídia está desesperada. Os autores estão divididos. Enquanto uma parte ainda luta pelos próprios lucros, muitos perceberam que o fluxo livre de conhecimento e idéias só pode ser bom para a humanidade.   


A propósito, eu sou um dos dinossauros remanescentes, daqueles que pagam por tudo que assistem ou escutam. Meus MP3 foram convertidos dos meus CDs. Mesmo não tendo o hábito de andar com iPod para cima e para baixo, tais arquivos são especialmente úteis nas viagens de carro, quando o GPS faz o papel de MP3 player. 



Foto: Sede do belíssimo Jardim Botânico, num dos parques de Genebra, junto ao Lago Léman. 


Monday, May 18, 2009

Europiratas 1

A França finalmente aprovou uma lei contra a pirataria voltada à Internet. Não se assustem com o rigor da pena: Os reis do download ilegal terão o seu acesso à rede suspenso por alguns meses.

Para fazer uma lei tão impressionante, Sarkô teve que usar todo o seu poder de persuasão no parlamento francês e ainda comprar briga com a União Européia. Bruxelas, dominada por idealistas e burocratas, não quer esse tipo de ameaça às liberdades individuais.

A discussão em cima desta lei ridícula e ineficaz promete continuar por muitos meses. Apesar da pressão dos executivos de mídia, o caráter ideológico do tema é do jeitinho que Bruxelas gosta.


Foto: Lago Léman (Genebra), em dia de Lago dos Cisnes.

Saturday, May 16, 2009

Genebra

No segundo feriado prolongado de maio, o meu destino foi Genebra. Apesar da expectativa de péssimas condições meteorológicas, as chuvas foram rápidas, o sol apareceu, a temperatura foi agradável e as fotos... Bem, isso vocês verão nos próximos posts.

Achei especialmente agradável passear em torno do Lago Léman. Correr e andar nos parques da cidade, contornando as belas villas e os campos floridos. Na corrida dominical, cruzei com a maratona de Genebra, bem ao estilo suíço: Organização impecável.

A título de curiosidade, o Rhône (Ródano), o rio que cruza Lyon, também cruza Genebra. Ele nasce nos Alpes suíços e atravessa o lago. Na foto, a famosa ponte do Mont Blanc, sobre o rio/lago.

Friday, May 15, 2009

Procura-se um craque 3

Mudando de assunto, mas ainda atrás de um craque, vou ao encontro de um ás no volante: O mal falado Barrichello. Pé de chinelo para alguns, burrinho para outros. Pelo menos, o Brasil fala dele. Na Europa ele é completamente ignorado. Uma nulidade.

A Brawn faz dobradinha: Jenson e seu companheiro vencem. Falam sobre uns dez pilotos e pulam o Rubinho. No último GP, entretanto, Rubinho foi lembrado com um certo escárnio, pelo papel que desempenha na F1.

Sem querer discutir as suas supostas qualidades como piloto, ele vem exercendo uma das melhores profissões do mundo há alguns anos. Ele é pago para não ganhar. Não precisa correr riscos em ultrapassagens arriscadas e não precisa dirigir no limite do carro. Basta chegar atrás de um europeu. Não tenho nada contra o Rubinho, mas preferia que ele fosse argentino.


Foto: Outra tomada do Château de Busset, a partir dos jardins. 

Monday, May 11, 2009

Procura-se um craque 2

Enquanto a estrela de Juninho se apaga, um outro brasileiro chama a atenção, pelo menos por 90 minutos, na final da  Copa da França (equivalente à Copa do Brasil). O piauiense Eduardo dos Santos foi o herói do jogo na histórica conquista do Guingamp, um time bretão da segunda divisão!

O brasileiro de 28 anos que passou pelo Flamengo do Piauí, Joinville e Grasshopper (Suíça) está longe de ser candidato ao status de Juninho. Assim como ele, são centenas de brasileiros, conhecidos ou não, espalhados pelos times europeus de todas as categorias. Só o Lyon conta com quatro brasileiros: Cris, Ederson, Fábio e Juninho. São todos de bom nível, mas ainda falta muito para se alcançar a elite do futebol europeu.


Foto: Na proximidades de Vichy, uma agradável surpresa, o Château de Busset, do século XIII. Um castelo privado explorado atualmente como hotel. 

Procura-se um craque 1

E por falar em futebol, Lyon está um pouco triste. Este ano o Olympique Lyonnais não será o campeão francês. Depois dos sete títulos consecutivos (isso é que é ser hepta de verdade), o OL perdeu o encanto. Ou terá sido apenas o Junhinho Pernambucano?

Líder da equipe do OL durante todos estes magníficos anos, o craque está ficando velho ou desmotivado. Suas atuações são irregulares e o time, que não tem tantos craques assim, mostra sua dependência em relação ao brasileiro. O OL quer um substituto à altura. Se possível, melhor. 

O time foi recentemente humilhado na Copa da UEFA e mostrou que não está no mesmo patamar dos melhores da Europa, como Manchester United, Chelsea e o seu mais recente algoz, o  Barcelona.

A receita dos super times de futebol é muito simples. Você pode buscar os craques em qualquer lugar do mundo, mas a viagem sempre começa por Moscou. банда разбойников!
 

Foto: Mais um dos chalés para os convidados de Napoleão III, nas imediações do parque do mesmo nome, em Vichy.

Sunday, May 10, 2009

Egocracia 4

Já estava deixando de lado o François Bayrou, que cunhou o título desta série de posts. Egocracia não é apenas um atributo sarkoziano.  De uma forma geral, de grande parte dos políticos, empresários e tantos outros representantes da sociedade. Uma boa forma de se referir à vaidade, à ambição e à falta de espírito público tão comuns atualmente. Assim como Bayrou, penso que Sarkô comporta-se como se estivesse numa republiqueta. 

O discurso pela ética na política não é suficiente. A imprensa cobra uma posição de Bayrou: Direita ou esquerda. Pois é, usando as metáforas futebolísticas do Lula, não é fácil marcar o incansável Sarkô, que joga dos dois lados sem quaisquer entraves ideológicos. Se ao menos o juiz apitasse quando o Sarkô põe a mão na bola...


Foto: Termas históricas de Vichy, edifício com clara inspiração oriental.

Saturday, May 9, 2009

Egocracia 3

A melhor massagem no ego que Sarkô poderia receber é a capa da Economist, publicação ícone do liberalismo econômico. O artigo da edição de 9-15 de maio (“Vive la différence”) fala sobre muitas das coisas que venho comentando neste blog, sobretudo do dirigismo francês e como ele ajuda a superar a crise atual. Embora o modelo não tenha sido criado por Sarkô, que foi eleito para “americanizar” a França, a revista mostra um pódio com ele na posição mais alta.

A matéria menciona dois indicadores em que a França se destaca em relação às nações do primeiro mundo: Expectativa de vida ligeiramente superior e distribuição de renda bem mais uniforme. Entretanto, para os discípulos de Adam Smith, o problema é sempre o mesmo, o que resolve o problema em tempo de vacas magras, não ajuda na hora das vacas gordas.


Foto: Opera e Palácio de Congressos de Vichy, situado no belo edifício do século XIX. Com mais de um século entre gênios como Verdi e Puccini, tem na temporada de 1940 a pior das lembranças, quando foi local da assembléia que deu plenos poderes ao regime de Pétain.

 

 

Wednesday, May 6, 2009

Egocracia 2

Duas recentes estatísticas francesas são aparentemente contraditórias. Enquanto os índices de popularidade de Sarkozy não param de cair, as primeiras pesquisas sobre a sua sucessão indicam que, se a eleição fosse hoje, ele seria reeleito.

Para explicar o aparente paradoxo, tenho alguns palpites:

- Muitos não gostam do Sarkô - o egocrata por definição - mas, ainda assim, consideram-no um político competente: Realizador, bom gestor, capaz de realizar mudanças, etc. 

- A oposição está em frangalhos. O PS continua desunido e o independente e solitário Bayrou faz um estrago considerável dividindo os votos. Coisa que nem a eleição em dois turnos resolve.

-  A crise e o descontentamento afetam todas as instituições, presidente e oposição inclusos. A pesquisa eleitoral pode apresentar maior ou menor índice de abstenção/indecisão, mas sempre um ganha.


Foto: O famoso Pavilhão Sévigné,  antiga sede do governo Pétain, para vergonha geral da nação. A origem da mansão é do século XVII. O local foi reformado e modificado ao longo do tempo. 


Tuesday, May 5, 2009

Egocracia 1

Na França, existem políticos de direita (da extrema direita até a centro-direita), políticos de esquerda (da extrema esquerda até a centro-esquerda) e um político de centro. Eu disse um! Trata-se de François Bayrou, um homem respeitado que tentou construir uma alternativa centrista, mas que ainda é visto com desconfiança. Candidato forte ao terceiro lugar das eleições presidenciais (de novo), certamente vai interferir na disputa.

Se Bayrou é considerado "em cima do muro" por muitos, pelo menos, quando o assunto é Sarkô, ele solta o verbo e assume posição. Eu achei muitíssimo interessante o termo que ele usou ao se referir ao atual governo francês: Egocracia.


Fotos: Acima e abaixo, dois chalets integrados ao Parque Napoleão III, em Vichy. Estas casas do século XIX recebiam os seus convidados.



Monday, May 4, 2009

Vichy

Passei o feriado em Vichy. Sem conotações ideológicas, por favor! 

A minha primeira incursão pela região da Auvergne foi por turismo e repouso. Vichy foi a minha base e uma surpresa muito agradável. 

A diferença entre Vichy e as estâncias brasileiras é o grau de sofisticação, afinal por lá passaram nobres e poderosos, especialmente aqueles ligados a Napoleão III. Foi este que solicitou a reforma da cidade, ao mesmo tempo que Haussmann remodelava Paris. Jardins, chalets e prédios suntuosos enriqueceram a cidade das águas milagrosas.

Nos posts seguintes, fotos de Vichy e de outros locais da Auvergne. O melhor de tudo foi passear pelos parques de Vichy, visitar os chalets e correr às margens do Allier. 


Fotos: Acima, uma extremidade do parque Napoleão III, com o Aillier ao fundo. Abaixo, a tradicional fonte dos Celestinos.




Sunday, May 3, 2009

Manda a conta pro baixinho 3

Depois de anunciar a redução da TVA dos bares e restaurantes, a ministra da economia Christine Lagarde afirmou que o contribuinte é generoso. Ninguém levou muito a sério, ela mesma riu. De qualquer forma, em tempos de crise, quaisquer bondades governamentais serão bem recebidas. 

Aqui, quase todo mundo usa a saúde e o ensino públicos. O imposto é alto, mas há uma contrapartida. E quando o governo falha, não há generosidade nenhuma: Tem manifestação, greve e o troco nas eleições. 

Contribuinte generoso é o brasileiro. Este sim, paga muito e não recebe nada em troca!


Foto: O jardim de Drée. O Château é privado. Seu proprietário tem se empenhado na reconstituição do interior. Apesar de interessante e rico, o mobiliário não é original.

Saturday, May 2, 2009

Manda a conta pro baixinho 2

Todos ficam encantados com as bicicletas colocadas à disposição da população nas cidades francesas. Sem dúvida, outro achado da administração pública gaulesa. O investimento foi bancado pela iniciativa privada, leia-se JCDecaux, em troca da comercialização do espaço publicitário nos pontos de locação (quase toda esquina). 

A conta fecharia com folga se ambas as partes não tivessem subestimado o vandalismo. A França não é mais aquela! A Europa não é mais a mesma! Paris, onde o parque de bicicletas de aluguel é de cerca de 20 mil unidades, teve 11600 bicicletas depredadas e 7800 furtadas, em menos de dois anos. Se não houvesse o compromisso de reposição imediata, o sistema estaria morto.

O governo vai apelar para uma campanha. Não é suficiente! O negócio é mandar a conta para o baixinho. Para quem está pagando tanta coisa, 20 mil bicicletas não faz diferença.


Foto: Vizinho de La Clayette, o Château de Drée é muito mais elegante. Um castelo recentemente restaurado e com belos jardins.

Friday, May 1, 2009

Manda a conta pro baixinho 1

Finalmente, a ajuda que todos queriam. O governo vai baixar o imposto dos bares e restaurantes, ou seja, a TVA vai de 19,6% para 5,5%. Nem tudo será traduzido em redução de preço. Não importa. Os restaurantes são mais importantes para a França do que a Renault, que precisou de muito mais dinheiro para preservar muito menos empregos. A medida é uma das poucas unanimidades do país. Afinal, o que é a França sem os cafés e bistrôs? A população espera queda de preços. Veremos.

A operação recém aprovada por Sarkô custará três bilhões de euros. O buraco do déficit público é tão grande que isto é dinheiro de pinga. Ou melhor, de conhaque.


Foto: Outra tomada de La Clayette, ainda nos domínios do seu Château.