Thursday, October 29, 2009

Revoluções

Enquanto a revista do Figaro fala sobre Asterix, a do Le Monde fala das dez revoluções que acontecem na França. Eu as apresentaria de forma diferente, porém, não deixaria de concordar com quase tudo que foi escrito. Minha primeira reação foi compará-las com o que acontece no Brasil. Aí vão as notas e comentários sobre as revoluções francesas de 2009:

1) Separamos o lixo: Na França, a reciclagem está a caminho dos 70% do lixo total, um índice bem razoável. Depois que me acostumei a separar o lixo, fica difícil jogar uma garrafa PET e casca de banana no mesmo cesto. Para evitar aqueles comentários irônicos do meu post “Saco!”, as coletas do lixo comum, do reciclável e do vidro são independentes. Perfeito! Só não descobri aonde jogo as lâmpadas incandescentes.

2) Não precisamos mais possuir as coisas: Fenômeno mundial de transformação de certos produtos em serviços. A tendência é forte em tudo que é relacionado à tecnologia da informação e conhecimento, mas vai se replicando para outros setores da sociedade. Exemplo recente são as bicicletas públicas das cidades francesas: Pega-se numa esquina e deixa-se em outra.

3) Não vivemos sem conexão: Seja via celular ou micro, não dá para abrir mão do e-mail, SMS, redes sociais, etc. Existem 1,1 bilhão de pessoas conectadas à Internet. Ainda falta muita gente, mas isso já é 95% do PIB do planeta.

4) Largamos a TV: Pelo menos, na França, a audiência caiu brutalmente. Não faltam opções e, de alguma forma, o fenômeno está ligado ao item anterior. Considerando que todas as TVs do mundo estão sujeitas a uma certa manipulação, é uma vitória democrática.

5) Queremos tudo de graça: Eu até concordo com a tendência, mas talvez escrevesse de outra forma. A verdade é que quase ninguém tem pago por música. Muita gente não tem pago por filmes. E, logo mais, com a popularização dos leitores eletrônicos, não vão pagar por livros. E o jornalista do Le Monde que escreveu isso vai perder o empreguinho dele. O mundo está buscando um novo modelo de comercialização e remuneração do conteúdo cultural.

6) Largamos o carro: Só na Europa! A combinação de medidas que punem o uso do carro (e.g. pedágios urbanos) com o transporte público que funciona faz com que o carro seja um mico. Não é incomum encontrar europeus que não sabem dirigir. Quanto às Américas, ainda tem muito chão pela frente.

7) Comemos de maneira diferente: O governo francês promove o consumo de frutas e legumes. Ainda tem os produtos orgânicos, cuja oferta não para de crescer. Enfim, acho que é uma tendência mundial, mas andando em ritmos diferentes através do mundo.

8) Não enchemos mais o carrinho do supermercado: O hábito da grande compra semanal ou mensal no hipermercado tem diminuído muito. Não é bem por causa da crise, mas por que o varejo de proximidade cresceu e aprendeu ser competitivo. Enfim, é mais pratico e ecológico comprar perto de casa, sem grandes filas, mesmo que duas ou três vezes por semana, do que ir até o Carrefour da periferia. Parece algo bobo, mas afeta o dia a dia de quase todos.

9) Compramos mais usados: A credibilidade do mercado de segunda mão foi restaurada pela Internet. Por que não?

10) Voltamos ao centro das cidades: Já com alguns anos, a atratividade dos centros urbanos é maior do que a periferia, onde ficam os grande bolsões residenciais. O transporte acaba pesando no bolso de quem vem de longe. A tendência é limitada pela própria disponibilidade de imóveis nos já caros centros das cidades européias.


Foto: Um cantinho no centro de Bayeux, às margens do Aure. A cidade normanda foi uma das poucas que saíram intactas da Segunda Guerra.

Monday, October 26, 2009

50 anos de Asterix


O próximo‭ ‬29‭ ‬de outubro marca os‭ ‬50‭ ‬anos de Asterix e sua turma.‭ ‬Além das comemorações habituais,‭ ‬como a incrível homenagem da esquadrilha da fumaça francesa‭ (‬Clique aqui e veja até o fim‭)‬,‭ o mais importante para os seus fãs ‬é o lançamento do novo álbum, o trigésimo quarto.‭ ‬Mesmo com o falecimento de René Goscinny em‭ ‬77,‭ ‬Albert Uderzo continuou a obra.‭ ‬Goscinny era o autor do texto e Uderzo,‭ ‬o desenhista.‭

Em se tratando de Asterix, as centenas de milhões de álbuns vendidos não são o aspecto mais notável. A criação de Goscinny e Uderzo marcou algumas gerações. As referências à resistência gaulesa face aos romanos, tão frequentes aqui na França, foram certamente reforçadas pelo personagem símbolo nacional. O texto de Goscinny é brilhante e emprestou inúmeras expressões à linguagem corrente. Goscinny também contribuiu na criação de outros ícones da cultura francesa como: Petit Nicolas,‭ ‬Lucky-Luke,‭ ‬Iznogoud, entre outros.

Imagino que vocês certamente encontrarão algumas matérias na imprensa brasileira.‭ ‬Termino o post por aqui,‭ ‬antes que o céu caia sobre as nossas cabeças!

Alguns links:


Foto: Diante da Abadia dos Homens, as ruínas da igreja de Saint-Étienne-le-Vieux, em Caen, Normandia.

Friday, October 23, 2009

The Ugly, The Bad and The Worse - Parte II

Paquistão 2002

Poucos meses depois do 11 de setembro, um grupo de franceses chega a Karachi. São onze engenheiros navais que dão assistência técnica como parte do acordo de venda de submarinos ao Paquistão, ocorrido em 1994. Uma violenta explosão mata todo o grupo. Todos apontam para o terrorismo islâmico, sendo o suspeito número um, a Al-Qaeda.

O Paquistão conseguiu localizar e condenar alguns dos envolvidos. Mesmo assim, o atentado foi muito estranho. Um grupo de engenheiros franceses no Paquistão não era o alvo típico do terrorismo islâmico em 2002. O mistério tortura os parentes das vítimas até hoje .

Anos depois, a própria investigação trouxe mais detalhes. A França vendeu os submarinos ao Paquistão graças a polpudos subornos às autoridades locais. Subornos pagos à vista e a perder de vista. A prática era tão aberta que até constava no contrato. Porém, um acordo da OCDE de 2000 tentou banir esta forma de corrupção tão globalizada. Com o governo francês comprometido com as novas regras, a mesada dos milicos paquistaneses foi suspensa. O atentado de Karachi foi pura vingança. Nada a ver com a Al-Qaeda.

Bem, a história não é das mais dignas. De qualquer modo, a França corrigiu uma prática incorreta. Então, por que esconder a verdade sobre o atentado durante anos? Por uma razão simples, isso não é tudo. E se é difícil conseguir provas de escândalos que acontecem só em Brasília, imaginem buscá-las no democrático Paquistão.

Há evidências de que o mensalão do Paquistão tenha sido "superfaturado". Ou seja, suponhamos que os oficiais daquele país tenham solicitado um suborno de X. A França deu 2X, com a condição de que eles devolvessem X numa conta secreta. A tal conta serviu para financiar campanhas políticas, em especial, a de Édouard Balladur, candidato presidencial em 1995 contra Jacques Chirac. Notem que o esquemão de financiamento de campanhas é o mesmo no mundo inteiro.

Que sujeira, hein? Ainda assim, o Balladur é coisa do passado! Por que tanto segredo? Não seria melhor ter jogado limpo e contado tudo para as famílias e o povo. O pequeno detalhe é que o tesoureiro de campanha do Balladur e arquiteto da operação era ninguém menos que Nicolas Sarkozy.

Enfim, uma história trivial do mundo político atual, que ganhou um toque trágico e veio à tona por causa dos onze mortos. Quanto ao Sarkô, ele jura que não sabia de nada.


Foto: Em Caen, o castelo de Guilherme, o Conquistador. O castelo é contemporâneo ao histórico feito de Guilherme, a tomada da Inglaterra. Evidência ainda viva desta conquista é o próprio idioma inglês, que absorveu uma enormidade de palavras latinas, pela via normanda. A construção quase milenar ocupa uma grande área no centro da cidade. De fato, é um dos maiores castelos da Europa com 5,5 hectares. Foi especialmente danificado durante a Guerra dos Cem Anos e a II Guerra Mundial. Hoje, é um grande espaço cultural, com Museus e exposições.


Tuesday, October 20, 2009

The Ugly, The Bad and The Worse - Parte I

Dois eventos terrivelmente mortais ainda estão na memória recente da França. Um atentado que matou onze engenheiros no Paquistão e uma emboscada que tirou a vida de dez soldados no Afeganistão. Apesar do contexto de insegurança daquela região do planeta, os dois casos foram surpreendentes. As famílias das vítimas ainda aguardam as explicações definitivas, que talvez jamais sejam comprovadas.

Afeganistão, 2008

Além de não ter participado da campanha contra o Iraque, a França havia se retirado do Afeganistão. Sarkozy, num esforço de reaproximação com os EUA e a OTAN, enviou novas tropas ao Afeganistão. A França ocuparia uma área relativamente calma, sem histórico de confrontos contra o Talibã. As tropas francesas estavam fazendo muito mais patrulha do que guerra. Melhor assim, pois qualquer baixa precoce poderia atrapalhar a vontade de Sarkozy de cooperar com os seus aliados.

E foi logo no início das operações que a França foi surpreendida. Naquela área supostamente calma, os talibãs emboscaram uma patrulha de dez soldados, que foram assassinados. Não levaram apenas chumbo grosso, foram mutilados e torturados. De onde vieram esses talibãs? Por que tanta raiva?

Não há como se esconder as baixas. O governo tentou abafar as notícias sobre as condições em que os corpos foram encontrados. Tentou. As condições anormais desta emboscada levaram a investigações adicionais.

As tropas francesas foram para uma área ocupada anteriormente pelas tropas italianas, que foram realocadas. O que ninguém sabia é que a paz encontrada pelos italianos era na verdade fruto de um acordo super secreto. A Itália estava pagando uma boa mesada aos talibãs, a fim de se evitar qualquer conflito. Acredite, se quiser!

Ao serem substituídas, as tropas italianas interromperam o pagamento e não avisaram os franceses da existência desse acordo. Os soldados franceses que faziam um "passeio" nunca imaginariam que seriam brutalmente assassinados pela cobrança de uma dívida que mal conheciam.

Evidentemente, os italianos negam e vão negar a história até o fim. Berlusconi diz que não sabia de nada.



Foto: No centro de Caen, a bela e grandiosa Abadia dos Homens, onde também funciona o Hôtel de Ville. A cidade de Guilherme o Conquistador foi praticamente destruída (70%) na Segunda Guerra. Se sobraram alguns dos tesouros do seu patrimônio, é por que antes havia muito mais. Clique aqui para ver uma foto histórica da vista a partir do castelo de Guilherme logo após a guerra. Note que a Abadia dos Homens, intacta, é bem visível na foto.

Fico até sexta do outro lado da Mancha, depois volto com a segunda parte. Até breve!

Monday, October 19, 2009

La Cage aux Folles

La Cage aux Folles está de volta! Pude assistir ao espetáculo neste domingo em Paris. Apresentar a Gaiola das Loucas é desnecessário. Graças ao sucesso dos filmes inspirados na peça, um dos marcos do teatro francês dos anos 70, a história é bastante conhecida.

O elenco original tinha Jean Poiret (o autor) e Michel Serrault. Este último fez dupla com Ugo Tognazzi na primeira adaptação cinematográfica. A produção foi italiana pois a temática do filme ainda causava um certo constrangimento na França.

O filme teve duas continuações e um "remake" americano de Mike Nichols, com Robin Williams e Gene Hackman. Talvez, esse ainda esteja na memória de alguns dos leitores deste blog.

Mesmo tendo visto as duas adaptações para o cinema, o espetáculo ao vivo é especial. Além do mais, é começo de temporada, então o elenco é de primeira. E o público também. O casal Sarkozy estava na mesma sessão. Nada como um espetáculo duplo: A Gaiola das Loucas no palco e A Bela e a Fera na platéia!


Foto: Uma tomada da Igreja Santa Catarina, em Honfleur. Restam poucas igrejas de madeira na França e esta é a maior delas. Notem que o campanário fica separado do resto da igreja. A construção começou no século XV, mas muita coisa foi acrescida ao longo dos dois séculos seguintes. Foi feita em madeira, pois a comunidade local, castigada pela Guerra dos Cem Anos, não tinha outra opção.

Saturday, October 17, 2009

La Mauvaise Vie 2

O escândalo Miterrand é um acidente de percurso. Em tese, poderia acontecer com qualquer estadista. O desafio do governo e da oposição é lidar com a situação com o cuidado que ela merece. No caso, teve gente da oposição, da extrema esquerda, que escorregou feio, demonstrando comportamento digno da extrema direita.

O segundo escândalo, entretanto, coloca todo mundo no mesmo barco. Todos contra Sarkô! Num país que tenta fazer da República a sua religião, um ato de nepotismo é imperdoável. E foi justamente o que aconteceu. Jean Sarkozy, filho caçula do Presidente, foi nomeado para assumir um cargo relevante na administração pública.

O moleque tem 23 anos e está no segundo ano da faculdade. Nem vamos entrar na discussão do mérito, pois mesmo que ele fosse um gênio com vários pós-doutorados, o caso seria igualmente escandaloso. O cargo em questão é de administrador do centro de negócios de La Défense, o principal da Europa, onde estão as sedes das mais importantes empresas francesas, situado a oeste de Paris.

Cabe ao órgão, que pode ser chefiado pelo Sarcoisinha, vender, ôps, quer dizer, aprovar os direitos de construção na área. Quem acompanha as mamatas brasileiras, sabe que este tipo de cargo é ideal para fazer uma poupança em Jersey.

Interessante é que o Sarcocota reage igualzinho aos brasileiros beneficiados pela nefasta prática do nepotismo. Diz ele que tem a sua própria carreira, que trabalha duro, que não tem culpa que é filho do Presidente, etc. Enfim, muda o idioma, mas a cara de pau é multinacional.

A coisa está pegando fogo por aqui. A pizza ainda não está garantida. Sarkô está propondo um novo lema para a Nação: Liberdade, Igualdade e Paternidade!


Foto: Outra tomada do porto de Honfleur, com as casas cinzentas típicas da Normandia.

Thursday, October 15, 2009

La Mauvaise Vie 1

No final de semana passado, ainda dava para sair de camiseta, o outono começou generoso. Ontem, a temperatura despencou: ZERO! Vou precisar do casaco, luva e cachecol um pouco antes da hora.

O tempo também fechou para Sarkô, que enfrentou dois escândalos consecutivos em menos de uma semana. Eu até esperei um pouco antes de comentá-los, aguardando o seu desfecho. Como não aconteceu nada, então vamos lá.

O primeiro episódio envolve o Ministro da Cultura Frédéric Miterrand, sobrinho do antigo presidente socialista. Miterrand é um ícone da comunidade artística francesa, sempre na mídia, muito bem relacionado e indicado ao cargo por Carla Bruni.

Foi a sua exaltada defesa do cineasta franco-polonês Roman Polanski, detido na Suíça, que colocou luzes sobre a sua vida pregressa. Todo mundo sabe da sua homossexualidade. Até aí, nada demais. O prefeito de Paris, Bertrand Delanoë, e a presidente do PS, Martine Aubry, são exemplos da força da comunidade GLS na política francesa.

O problema privado virou público, quando ele revelou na sua autobiografia (La Mauvaise Vie), ter feito turismo sexual na Tailândia. Não é um crime, mas para uma figura pública é questionável. Pior ainda, ele deixa dúvidas com relação à idade dos seus parceiros. Seus opositores não perdoaram. Disseram: Ele defende Roman Polanski por que joga no mesmo time dos abomináveis e execráveis pedófilos!

O Ministro está sendo linchado moralmente. Ainda resiste no cargo. Paulo Maluf teria um grande conselho para Miterrand: Quer fazer turismo sexual? Faça, mas não escreva!

No próximo post, o segundo problema do Sarkô.


Foto: Uma esquina em Honfleur, na Normandia.

Tuesday, October 13, 2009

Saco!

Não sei se os supermercados brasileiros ainda distribuem sacos plásticos para embalar as compras. Aqui, eles foram abolidos há uns bons anos. Quem os esquece tem a opção de comprar sacolas feitas para resistir a muitas viagens.

No começo eu achei um saco. Hoje, eu tenho sacolas "longa vida" do Carrefour, do Monoprix, do Casino, do Franprix, etc. Nunca cometi a indelicadeza de entrar no Monoprix com a sacola do Carrefour.

Acabar com os sacos plásticos foi a primeira atitude dos supermercados para se tornarem verdes. Eles tomam a iniciativa, mas o sacrifício é nosso!

Evidentemente, compreendemos e apoiamos a ação dos varejistas. Não vou nem entrar na efetiva contribuição desta ação, pois teria que recorrer a números de toda cadeia petroquímica, que nem tenho em mãos. Mesmo que seja simbólico, está bem, a gente aceita. Entretanto, eles não podem ficar só nisso.

Ser verde é uma parte mínima na busca pelo desenvolvimento sustentável. A contribuição dos super varejistas deveria ir mais além. Por exemplo:

- Deixar de ser o setor da economia campeão do subemprego
- Eliminar o excesso de junk-food das suas prateleiras
- Aumentar a oferta de produtos orgânicos e reduzir a de produtos de origem duvidosa
- Exigir que os fornecedores tenham os mesmos compromissos com a sustentabilidade
- Desenvolver fornecedores locais e, especialmente, pequenas e médias empresas
- Evitar a guerra suja nos produtos "low cost" com a utilização de ingredientes de segunda

Enfim, qualquer um desses temas é mais importante do que os sacos plásticos. Eu faço a minha parte, mas não estou convencido que os supermercados façam a sua.


Foto: Uma das melhores surpresas da Normandia foi a belíssima cidade de Honfleur. Porto situado no estuário do Sena, inspirou diversas obras de Monet, Courbet e Boudin. A cidade é próxima de Le Havre, segundo porto da França, depois de Marselha.

Sunday, October 11, 2009

Esportiva

De repente, vários blogueiros "sérios" começaram a falar de futebol. Então, antes que o Lula ganhe o Nobel de Literatura de 2010 pelas metáforas ludopédicas, eu também entro nesse campo.

Pelo site da Française des Jeux, podemos apostar nos jogos de forma bem flexível, como nas famosas casas de apostas inglesas. Escolhe-se um jogo ou vários. Assim, você mesmo cria a sua cartela lotérica virtual.

Pelo site, também sabemos a posição das apostas. Nesse momento, por exemplo, a aposta no Brasil no jogo de logo mais contra a Bolívia paga 1,5X. A Bolívia paga 3,3X.

Apesar da fama do Brasil e dos seus jogadores, o campeonato brasileiro não é um sucesso entre os apostadores. A França está promovendo as apostas no Brasileirão e apresentando alguns dos times nacionais. Pérolas:

- O São Paulo é o Lyon do Brasil
- Ronaldo, com seus quilos a mais, encontrou refúgio no Corinthians, um time ambicioso
- Palmeiras e São Paulo lutam pelo título
- Botafogo e Fluminense, dois monumentos, lutam pela sobrevivência
- Imaginem uma competição com Ronaldo, Adriano, Edmilson e, talvez, Ronaldinho. Um sonho! Essa competição existe, é o Brasileirão!


Foto: Port-en-Bessin-Huppain, uma das pequenas cidades ao longo de Omaha Beach, a meia hora de Caen. Um hotel a 5 minutos deste pequeno porto foi a minha base na viagem pela Normandia.

Thursday, October 8, 2009

Twitter

Estou tuitando há pouco mais de um mês. Entrei no Twitter como mero observador, mas é difícil ficar só assistindo. Depois de uma semana, já estava espalhando meus tweets, seguindo diversos serviços de informação e vários amigos.

A idéia do microblog é genial. Descontando-se os abusos, ou seja, aqueles que tuitam em excesso ou colecionam seguidores, o conceito chegou para ficar. Eu já mudei a maneira de consultar a Web. Antes, surfava aleatoriamente por alguns sites. Hoje, sigo as recomendações dos colegas, através dos seus tweets. Enfim, vou aos sites que foram indicados. A seleção é feita por amigos e colegas e não por um robot.

A oportunidade de se fazer um chat múltiplo e aberto também é interessante. Sintetizar tudo em até 140 caracteres é um belo desafio.

O lado mais idiota do Twitter é seguir as estrelas da Globo ou colecionar seguidores. Não é necessário muito esforço para colecioná-los, existem artifícios para tal. Eu fiz um perfil falso para testar. Baseado no simples princípio de reciprocidade (eu te sigo, você me segue), consegui arrebanhar centenas de seguidores. Provavelmente, eles não darão a mínima para o que "eu" escreva. A recíproca é verdadeira.

O Twitter está infestado de perfis falsos, criados de forma automática, geralmente a serviço da indústria do sexo e de outros pilantras. Quem conhece a Internet, já está acostumado.

Do lado infeliz desta experiência destaco que entrei no jogo Mobster World, que não é um vírus, mas funciona como tal, espalhando tweets para todos seguidores. Mais estranho foi o “phishing” no Blogger, onde mostro os tweets mais recentes.

Se o Twitter vai balançar o Google, a Microsoft ou o Facebook é uma outra história. Sem dúvidas, todos eles vão aprender e incorporar conceitos do Twitter. Por enquanto, nós vamos tuitando!

Foto: Duas fotos em Omaha Beach. Abaixo, a visão geral da praia. Acima, um dos diversos memoriais. Omaha Beach é uma praia comum. Mesmo no verão, não se parece nada com uma praia disputada do litoral norte paulista ou do Rio. Bem, no dia 6 de junho de 1944, ela estava um pouco diferente. Clique aqui para ver a foto histórica.

A conjugação do verbo tuitar foi sugerida por Gilson Pessoa.


Tuesday, October 6, 2009

Langue de bois

O não tão bem amado Jacques Chirac comanda uma fundação, que patrocina um programa bem original. Ao invés de filantropia ou ecologia, ela trabalha com a documentação e a preservação dos mais de 6000 idiomas da Terra. O tesouro linguístico do planeta tem valor inestimável. Além do aspecto cultural relevante, o seu estudo proporciona elementos importantes para a compreensão do percurso do homem desde os tempos mais remotos. Para saber mais, veja o site do programa Sorosoro.

Voltando à França e ao seu idioma culto e belo, é desnecessário dizer que os debates sobre uma possível reforma ortográfica continuam aquecidos. Já comentei uma ou duas vezes sobre isso, voltarei em breve com mais detalhes.

Mais interessante do que o debate sobre o idioma em si é a polêmica sobre a forma de utilizá-lo. Tudo indica que o povo não tolera mais a "langue de bois" ( língua de madeira, na tradução literal). Em bom português, trata-se da famosa enrolação. Para realizar uma dissimulação ou pura exibição, recorre-se aos chavões, eufemismos, conceitos abstratos ou banalidades. Conforme a situação, o tom vai da pompa à demagogia. Não é preciso dizer que é a língua de boa parte dos políticos.

Os soviéticos eram exímios empregadores da langue de bois. Os seus herdeiros da esquerda ideológica abusaram de generalidades como menções à vontade popular e à solidariedade. Certos ou errados, o povo quer algo mais direto.

Hoje, abolir a langue de bois é compromisso de formal de muitos candidatos. No movimento contra a langue de bois, surge o "parlé vrai", o discurso franco. Falar direto, simples e sem rodeios. A polêmica é se devemos ou não abusar dos palavrões e gírias. Há controvérsias.

Sarkô e alguns próximos estão engajados no parlé vrai. O líder do seu partido no Congresso, Jean François Copé, escreveu até um livro compromisso: "Prometido, eu acabo com a langue de bois". Isso não significa que ele não minta jamais. Ele mente. Mas não enrola.


Foto: Outra falésia de Etretat. A praia não é bem aquilo que o brasileiro entende como praia. De qualquer forma, a paisagem é espetacular.

Sunday, October 4, 2009

Normandia

A partir de hoje, as fotos da minha passagem pela Normandia no final de agosto ilustrarão os posts. Não posso dizer que foi uma ótima surpresa, pois viajei com dois volumes do Guia Michelin sobre a região. Sabia que tinha muita coisa para visitar.

A França possui duas regiões que compõem a Normandia histórica: Alta e Baixa Normandia. Com poucas exceções, minha viagem concentrou-se nos departamentos de Calvados (Baixa) e Sena Marítimo (Alta).

Um dos meus desejos era fazer o circuito do desembarque da Normandia, um evento histórico ímpar. Este ano, Obama veio ao memorial americano celebrar os 65 anos do Dia D. Vendo o evento pela TV, pensei: Também vou!

Fiquei num hotel na célebre Omaha Beach, que concentrou o desembarque americano. O circuito do Dia D espalha-se pela costa normanda, são dezenas de pequenas atrações a serem visitadas.

Se em 6 de junho de 1944, ingleses e americanos invadiram a Normandia para salvar a França e o mundo, quase mil anos antes, foi um normando que invadiu e tomou a Inglaterra. Pois eu também fiz o circuito relativo a Guilherme, o Conquistador.

Além dos dois circuitos, castelos, praias, falésias, cidades como Honfleur, Deauville, Bayeux, Caen e, um pouco mais distante, o Monte Saint-Michel.

Na foto de abertura, com direito a uma gaivota figurante, uma das falésias de Etretat, no Canal da Mancha.

Saturday, October 3, 2009

Penúltimas de Lyon 2

Sem qualquer base estatística, afirmaria que São Paulo tem mais arranha-céus do que a França inteira. Em Lyon, prédios com mais de 20 andares, contamos na palma da mão. Quando levantaram a última grande torre (Oxygène), cada nova laje era uma festa. Depois de algum tempo na França, aprendi a associar o excesso de arranha-céus mais à desordem do que ao progresso (perdão pela frase antipatriótica, foi acidental).

O que acontece em São Paulo é uma loucura. Ao longo da Marginal Pinheiros, são dezenas de lançamentos sem qualquer condição de escoamento do fluxo de carros gerado pelos mesmos. Quando eu saí, há quase três anos, o pessoal que trabalhava na Torre Norte reclamava que o congestionamento começava dentro da garagem. Imaginem quando todos os empreendimentos estiverem prontos!

O contraste com Lyon é notório. A próxima torre (Incity) será o prédio mais alto da cidade. Vai substituir um prédio, que será demolido devido à presença de amianto. Em número de torres, sai uma e entra outra. O que espanta é a discussão se o prédio deve ou não ter estacionamento. Pelo menos, aqui, a discussão faz sentido. O lugar é bem servido de transporte público. O empreendimento tem um apelo de sustentabilidade, então nada como nem oferecer a possibilidade de se usar o carro para ir ao trabalho. A prática da eliminação total ou parcial de estacionamentos em edifícios comerciais é comum na França.

Igualmente interessantes são as histórias contadas pelos colegas, quando reformam suas residências. Outra vez, o poder público mostra presença. As plantas são minuciosamente verificadas pela prefeitura. Não apenas os elementos de engenharia, mas todo o contexto arquitetônico e artístico. E quem mora perto de uma propriedade tombada, provavelmente não vai nem poder escolher a cor dos ladrilhos da piscina. Anedotas à parte, o importante é que o poder público se mostre presente e evite o caos urbano tão familiar de paulistas e cariocas.


Foto: Ainda em Millau. A foto é muito parecida com uma das anteriores, mas eu quero fechar este capítulo, pois tenho muita coisa para mostrar.

Thursday, October 1, 2009

Penúltimas de Lyon 1

Depois da excelente temporada de primavera/verão, o destino do meu carro é ficar na garagem, de onde só sairá nos finais de semana. Lyon é assim mesmo. Morando num lugar central, posso fazer quase tudo a pé ou com uma pequena ajuda da rede de transporte público.

Ainda bem, pois se dependesse do transporte público, estaria numa fria. Eu sempre comento que as esporádicas greves francesas incomodam um pouco. Porém, este ano está de mais. Estamos na vigésima greve de transportes em Lyon. E desta vez é por prazo indeterminado!

No Brasil, a população ficaria mais revoltada. Afinal, numa cidade como São Paulo, que já vive no limite do caos, qualquer perturbação tem efeitos incontroláveis. Na França, há aqueles que se revoltam e um número impressionante de solidários às causas proletárias.

A melhor decisão que a administração de Lyon tomou já tem alguns anos. Duas das linhas do metrô operam totalmente sem funcionários: Sem bilheteria, sem piloto, sem vigilância, etc. Só tem gente na central de controle. Nessas linhas, o serviço é dez! As máquinas não organizaram nenhuma greve. Ainda.


Foto: Ainda em Millau, a velha ponte sobre o Tarn e, ao fundo, o célebre viaduto.