Showing posts with label Schönbrunn. Show all posts
Showing posts with label Schönbrunn. Show all posts

Monday, July 27, 2020

Relíquia



O Cézar Taurion postou a foto de uma régua gabarito de diagrama de blocos, algo muito útil para os profissionais de TI de um passado remoto. Como resposta, coloquei uma foto dos cartões perfurados ainda guardados em casa (abaixo) e disse: vamos ver quem é mais sênior por aqui!

Vejam dez das reações a minha foto:

- Meu Deus! Não era uma lenda! Os cartões perfurados existiram mesmo!
(Dário Yanagita)

- O pessoal aqui não viu o dilúvio, mas pisou no barro!
(Marco Poma)

- Birman, isso é bem “recente” em relação àquela régua.
(Valério Kikuchi)

- Pegou pesado!
(Márcio Gropillo)

- Fernando, você e o Cézar foram longe demais!
(Daves Souza)

- Vamos de modernidade, modem USRobotics 14400 e 36600. Pensa na alegria quando começava a receber os dados, e na tristeza quando caia a conexão.
(Valmir Schuch)

- Quando comecei a trabalhar isso estava praticamente no fim. Uma vez, um maço caiu no chão e foi difícil arrumar tudo de volta.
(Jorge Gonzalez Sanz)

- E quando, na faculdade, algum engraçadinho resolvia bater a mão por baixo da pilha de cartões???
(Sílvia Bassi)

- Aprendi computação com estes cartões.
(Felisberto Nunes Correia Júnior)

- Eu sou 'sênior', mas vocês são muito inspirados. Grato pelos excelentes comentários.
(Fernando Birman)





Foto: Gloriette é o pavilhão situado no meio dos jardins do Palácio de Schönbrunn, destinado às festas. É o prédio mais novo do conjunto, datado de 1775. Assim como na minha primeira visita, em 2010, não resisti a uma pausa com café e apfelstrudel no restaurante instalado no local.

Tuesday, July 21, 2020

Viajante



Já falei sobre muitas coisas neste blog e minhas viagens estão entre os temas recorrentes. Até mesmo a proposta de ilustrar cada post com uma fotografia tirada em algum lugar do mundo mantém a ligação deste blog com as viagens.

Graças à longa pausa deste blogueiro, acumulei um estoque de fotos capaz de ilustrar milhares de novos posts. No entanto, a minha maior inquietude é se e quando vamos voltar a viajar.

Por um golpe de sorte, comecei o ano com umas boas férias. Voltei ao Brasil quando o epicentro da pandemia se instalava na Europa e a situação saía do controle na Itália. Foi por pouco!

Não faltam ideias e convites de viagem para o próximo ano. Também não faltam dúvidas: será seguro? teremos vacinas? os brasileiros serão aceitos sem restrições? Acredito também que o setor aéreo passe por uma tremenda reestruturação, impactando nossos hábitos de turismo.

Minhas viagens pessoais e profissionais dos últimos vinte anos simbolizam um pouco desse mundo anterior à pandemia. Viagens para lá e para cá, malas quase sempre prontas, passaporte na mão, etc.

No começo, tudo parece charmoso. Acumulam-se milhas, sobe-se na hierarquia da fidelidade das companhias aéreas, hotéis, locadoras e trens. Mas quando você começa a reconhecer os comissários de bordo e ser tratado pelo nome em todo lugar, talvez já tenha viajado demais.

Enfim, aquela época em que cruzávamos o planeta para uma simples reunião pode ter acabado.  Deixei claro neste blog que sou contra um movimento brusco das empresas para acabar com seus escritórios e ficarem no 100% virtual. Já com relação às viagens, acredito que usar e abusar das telecomunicações parece razoável. Mesmo que seja apenas pelo bem do planeta.


Foto: Voltando à Viena, o majestoso palácio de Schönbrunn, residência de verão principal dos Habsburgos, de meados do século XVIII até o final da Segunda Guerra. 



Sunday, October 31, 2010

Conversa de bonde

Há alguns meses, em Lyon, estava voltando de tramway do trabalho para casa. A distância não é grande, mas nos dias muito frios ou muito quentes, a climatização é sempre um conforto. Encontrei um outro executivo da empresa no mesmo vagão, um francês que já havia vivido no Brasil. Em menos de dez minutos de viagem, falamos sobre nossas missões e, também, sobre o Brasil e a França.

A nossa conversa privativa - em voz baixa - estava sendo discretamente observada. Na metade da curta viagem, um gaulês anônimo nos abordou. Se apresentou como francês desempregado e do "métier" (informática). Disse que compreendeu que eu era um expatriado brasileiro. Também percebeu que o meu colega tinha uma elevada posição hierárquica no grupo. Com a rudeza peculiar da Gália, ele nos questionou sobre o porquê da França "importar" um profissional como eu.

Sou do tipo que já fica incomodado com alguém prestando atenção na minha conversa. Porém, esta situação foi ímpar. O cara nos observou, entrou na conversa e ainda nos desafiou. Após uns instantes de choque, meu colega resolveu responder. Os franceses adoram um debate. A conversa parecia promissora, mas era o meu ponto. Desejei "bonne soirée" a ambos e fui. Um pouco surpreso com as circunstâncias, mas certo de que quem perdeu o bonde da história não foi eu.


Fotos: Fechando as fotos do magnífico castelo de Schönbrunn. Acima, a fonte. Abaixo, a vista a partir da Gloriette.

Wednesday, October 27, 2010

Envelhecendo

Na semana do meu aniversário, o post não poderia ser sobre outro assunto. O efeito mecânico do envelhecimento populacional é muito relevante para se compreender o que acontece no mundo. A parte mais óbvia é a onda de ajustes fiscais na Europa e a consequente resistência popular.

Enquanto lá, o efeito é cada vez mais perverso, no Brasil, estamos na fase boa da curva. Ou seja, aqui, o processo de envelhecimento é recente. Com a população relativamente estável, a pressão para se proporcionar mais escolas, casas e empregos diminui. O próprio FHC reconheceu tal impacto positivo quando deixou o cargo.

Com a bomba populacional desativada, poderemos melhorar a educação e reduzir o alto grau de favelização do nosso país. Se não fizermos nas duas próximas décadas, nunca mais o faremos. Alguns economistas dizem que, em trinta anos, o Brasil terá uma estrutura populacional como a Europa, onde o fardo das aposentadorias e despesas médicas é uma grande ameaça.

Mudando de continente, a sociedade que mais se transforma é, sem dúvidas, a chinesa. Lá, o envelhecimento foi acelerado pelo controle rigoroso da natalidade. Com a política de filho único, cada chinês trabalha para sustentar seus pais e seus quatro avós. Por enquanto, os chineses não se arriscam a gritar. Em compensação, mudam de emprego por qualquer aumento de salário. Enfim, talvez não seja uma questão de falta de lealdade, como atribuem preconceituosamente os europeus, mas uma simples questão de sobrevivência.


Fotos: Ainda no castelo de Schönbrunn, em Viena. Uma das estruturas mais elegantes do castelo é a Gloriette, destruída na Segunda Guerra e restaurada logo depois, em 1947. Acima, uma tomada próxima. Abaixo, a visão a partir do castelo.

Friday, October 22, 2010

É o amor!

Pense rápido e cite cinco filósofos brasileiros. Que tal três? Dois? Um? Se você não se lembrou de ninguém, não fique envergonhado. O Brasil não é a França, que festeja seus filósofos, como já havia comentado em 01/03/10. Também citei Bernard-Henri Lévy (BHL), o filósofo mais popular da atualidade, algumas vezes.

O assunto deste post é Luc Ferry, outra estrela da filosofia 'pop' francesa. Ao contrário de BHL, Luc joga no time do Sarkô, sendo um dos intelectuais mais prestigiados da direita. A novidade da semana é o lançamento do seu livro "A revolução do amor". Não lerei o livro, mas tive a oportunidade de assistir uma longa - e excelente - apresentação do autor, durante a cerimônia de aniversário da ADIRA, a associação dos dirigentes de informática de Rhône-Alpes (região que tem Lyon como capital). Pelo que eu pude pesquisar no Youtube, ele vem repetindo o discurso há algum tempo.

Luc Ferry é de um otimismo peculiar. Afirma que vivemos (os europeus) num momento muito especial da História, onde o amor do Homem pela própria vida bem como a vida dos seus entes queridos nos lança numa nova era de humanismo. Nem sempre foi assim.

Durante séculos, os casais formavam-se por inúmeros fatores, menos pela atração ou respeito mútuo. Os casais possuíam muitos filhos, nem sempre tão amados. A perda de um cavalo era um golpe mais duro do que a perda de um filho. O casamento por amor mudou tudo.

A partir do momento em que passamos a amar o cônjuge de verdade, também amamos os filhos e a família como um todo. Essa lenta transformação, colocando a família como peça central, muda a forma com que nos relacionamos com o Estado, a Religião e a Sociedade. Com a família mais sólida, passamos a procurar a justiça, a fraternidade e a verdade. O conceito de sagrado é outro.

Luc usa a acepção original de sagrado, ou seja, aquilo pelo qual estaríamos dispostos a nos sacrificar. Durante séculos, o sagrado foi reservado à Pátria, a Deus ou à Revolução. Hoje em dia, qual europeu está disposto a se sacrificar por tais abstrações? Felizmente, cada vez menos pessoas.


Fotos: Acima e abaixo, as duas tomadas laterais do magnífico castelo de Schönbrunn.

Tuesday, October 19, 2010

Bagunça

Não! Não queria escrever mais sobre as manifestações que acontecem na França, pois já está tudo nos posts anteriores. Mas, atendendo a pedidos, aí vai mais um texto.

Ninguém sabe como acabará este movimento contra a reforma do sistema de aposentadorias. A bagunça pode terminar amanhã ou se intensificar ainda mais. A tradicional queima de Renaults e Peugeots já começou. E não se trata de queima de estoques!

Vale relembrar que a reforma proposta pelo governo Sarkozy é correta e que o problema das aposentadorias é estrutural, associado à maior longevidade da nossa espécie. Outros países enfrentarão o mesmo problema, se quiserem sanear as suas contas. O governo tem maioria no Parlamento e fatalmente vai aprová-la.

O povo francês é bem mais politizado e culto que o brasileiro. Eles realmente acreditam no Estado provedor e querem continuar gozando dos benefícios conquistados ao longo das últimas décadas. Por outro lado, em 2007, elegeram Sarkô, que nunca escondeu a sua ambição reformista. Também elegeram uma maioria parlamentar liderada pela UMP, o principal partido de direita.

A manifestação é portanto fruto de muitos fatores: O descontentamento com a economia como um todo, com a deterioração do tão festejado padrão de vida francês, com a gestão de Sarkozy e, de uma forma bastante significativa, contra a personalidade do Presidente: Esnobe, arrogante e vaidoso.

A França ainda tem uma vantagem em relação ao Brasil. Lá, a capacidade de mobilização, organização de greves e protestos está sob comando da oposição. No Brasil, o governo tem tudo.


Foto: Uma das jóias de Viena, o majestoso castelo de Schönbrunn foi residência de verão dos Habsburgos. Hoje, é a maior atração turística da cidade e destaque do patrimônio mundial da UNESCO.